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terça-feira, 28 de setembro de 2010

O segundo turno é uma realidade

Serra diz que nunca deixou de confiar no 2º turno e diz que talvez tentassem censurar Gregório de Matos hoje em dia



Por Tiago Décimo
Estadão
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse hoje que “nunca não esteve confiante” em sua participação no segundo turno.

“Acho que vai haver segundo turno, mas não me guio por pesquisas”, afirmou ele, em Salvador.

“Nessa época, em 2002, ninguém achava que eu ia para o segundo turno. Depois, achavam que eu ia ter 30% (dos votos), e eu tive quase 40%”, lembrou.

“Na eleição para prefeito (de São Paulo) foi a mesma coisa, achavam que a Marta (Suplicy, do PT) ia ganhar no primeiro turno e, no segundo turno, que eu ia ganhar por pouco, e ganhei por mais. Isso é normal.”



Serra esteve na capital baiana para receber, na tarde de hoje, o título de cidadão soteropolitano, dado pela Câmara Municipal. No evento, o presidenciável disse que não estava ali para receber votos, mas para tentar “conquistar a confiança dos baianos” e, citando grandes nomes da literatura do Estado, aproveitou para criticar as constantes tentativas de cerceamento à liberdade de imprensa.


“Como não citar o grande poeta Gregório de Matos, que nenhuma censura conseguiu calar? Ele exerceu com lucidez e clareza sua crítica política, pagou o preço pela sua ousadia, mas deixou uma obra imortal”, afirmou. “Desconfio que, se Gregório existisse ainda hoje, talvez algum dos censores que andam por aí tentasse calar.”


Depois da cerimônia, Serra seguiu para a Cúria Metropolitana, onde se reuniu com dom Geraldo Majella Agnelo, cardeal de Salvador e arcebispo-primaz do Brasil.

No encontro, d. Agnelo entregou ao candidato uma cópia do documento Declaração Sobre o Momento Político Nacional, elaborado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para, segundo o texto, “ajudar os eleitores no discernimento de seu voto”.

A declaração defende o voto em “pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana”.



“O documento expressa meu próprio pensamento”, afirmou Serra, que disse ser amigo de d. Agnelo desde a juventude.

“Jesus Cristo é a verdade e a justiça. Isso corresponde à minha prática de vida, à minha prática política. Não sou um cristão de véspera de eleição, de boca-de-urna. Se a política brasileira tivesse verdade e justiça, o País seria muito melhor.”



Comento

Destaco um aspecto em particular do dia de Serra na Bahia: a sua referência a Gregório de Matos. Sei que lá vem patrulha, mas vocês sabem a bola que dou pra isso: haver um político que cite Gregório de Matos em vez de dançar em de dançar com Tiririca não deixa de ser um alento.

“Alento pra quem?”, logo grita o petralha, que trocou o realismo socialista pelo pagodismo realista…

Podem gritar! Continuarei a dar “bom dia!” à civilização.



Gregório (1636-1695), que mereceu a alcunha de “O Boca do Inferno”, é um dos grandes poetas brasileiros de todos os tempos.

Figura polêmica no seu tempo, fez uma poesia com forte acento satírico, o que despertou a fúria de alguns poderosos do seu tempo.

Pode-se questionar a motivação de um texto ou outro, mas é inegável que foi uma espécie de repórter de seu tempo, e boa parte de seus textos constitui um bom retrato da época, inclusive dos desmandos dos poderosos de ocasião.

Abaixo, trecho de um poema seu que, ao criticar os poderosos da Bahia do século 17, critica os poderosos do Brasil de seu tempo — só do seu tempo?



Que falta nesta cidade?… Verdade.


Que mais por sua desonra?… Honra.


Falta mais que se lhe ponha?… Vergonha.


O demo a viver se exponha,


Por mais que a fama a exalta,


Numa cidade onde falta


Verdade, honra, vergonha.

Comentários de Reinaldo Azevedo

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