O pedágio do PT
Além de desviar dinheiro da Bancoop, o tesoureiro do partido arrecadava dinheiro para o caixa do mensalão cobrando propina
Alexandre Oltramari
Diego Escosteguy
Fotos Wladimir de Souza/Diário de São Paulo
e Sérgio Lima/Folha Imagem
O ELO PERDIDO DO MENSALÃO
O corretor de câmbio Lúcio Funaro prestou seis depoimentos sigilosos à Procuradoria-Geral da República, nos quais narrou como funcionava a arrecadação de propina petista nos fundos de pensão:
"Ele (João Vaccari, á dir.) cobra 12% de comissão para o partido"
"Ele (João Vaccari, á dir.) cobra 12% de comissão para o partido"
O novo tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, é uma peça mais fundamental do que parece nos esquemas de arrecadação financeira do partido.
Investigado pelo promotor José Carlos Blat por suspeita de estelionato, apropriação indébita, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha no caso dos desvios da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), Vaccari é também personagem, ainda oculto, do maior e mais escandaloso caso de corrupção da história recente do Brasil: o mensalão - o milionário esquema de desvio de dinheiro público usado para abastecer campanhas eleitorais do PT e corromper parlamentares no Congresso.
O mensalão produziu quarenta réus ora em julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Entre eles não está Vaccari.
Ele parecia bagrinho no esquema.
Pelo que se descobriu agora, é um peixão.
Em 2003, enquanto cuidava das finanças da Bancoop, João Vaccari acumulava a função de administrador informal da relação entre o PT e os fundos de pensão das empresas estatais, bancos e corretoras.
Ele tocava o negócio de uma maneira bem peculiar: cobrando propina.
Propina que podia ser de 6%, de 10% ou até de 15%, dependendo do cliente e do tamanho do negócio.
Uma investigação sigilosa da Procuradoria-Geral da República revela, porém, que 12% era o número mágico para o tesoureiro - o porcentual do pedágio que ele fixava como comissão para quem estivesse interessado em se associar ao partido para saquear os cofres públicos.
Fotos Celso Junior/AE e Eliária Andrade/Ag. O Globo
"Ele (Vaccari) chamava o Delúbio de 'professor'. É homem do Zé Dirceu. Faz as operações com fundos grandes - Previ, Funcef, Petros..." Corretor Lúcio Funaro, em depoimento ao MP
CAPO
José Dirceu tinha Delúbio Soares (à dir.) e Vaccari como arrecadadores para o mensalão. O tesoureiro atual do PT cuidava dos fundos de pensão.
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