DEMOCRACIA E LIBERDADE DE EXPRESSÃO. OU:
A DOÇURA DE PALOCCI NÃO ME ADOÇA
A DOÇURA DE PALOCCI NÃO ME ADOÇA
Por Reinaldo Azevedo
Caras e caros,
Um daqueles textos longos — para compensar o relativo “abandono” de ontem, hehe Mas acho que importante. Se conseguirem ter paciência, acho que chegaremos a um bom lugar. E creio que vocês entenderão um pouco mais o espírito que animou a política nos últimos sete anos e por que chegamos aqui.
Vamos lá.
*
Participei ontem, como viram, do “1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão”, promovido pelo Instituto Millenium, em São Paulo. Alguns de vocês acompanharam o debate pela Internet.
Foram vários os enfoques particulares dentro do tema mais geral daquele painel —- “Liberdade de expressão e estado democrático de direito” —, mas quero ressaltar duas das questões que levei aos presentes. Escrevi ontem um tanto a respeito e prometi voltar ao assunto.
A primeira questão relevante: somos, no Brasil, especialmente os liberal-democratas — prefiro essa composição de palavras porque uma pessoa que defenda o liberalismo econômico pode não ser necessariamente um democrata, não é? —, reféns da estabilidade econômica.
Ao escrever isso, é evidente que não quero me livrar da estabilidade. Estou afirmando que, por causa dela, fomos permitindo que os não-democratas começassem a assediar a democracia e a especular contra ela. Uma personagem importante dessa construção participou do seminário, na mesa seguinte: o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, muito apreciado por amplas fatias do empresariado brasileiro. Daqui a pouco, trato de sua intervenção no debate. Quero falar um pouco mais do seu papel naquela construção.
O garantidor
O crescimento quase zero do primeiro ano de governo Lula jogou o então ministro da Fazenda na boca dos leões. Sua disciplina fiscal incomodou muitos dos seus pares — ATENÇÃO: POUCOS SE LEMBRAM, MAS UMA DAS INCOMODADAS ERA A ENTÃO MINISTRA DAS MINAS E ENERGIA, DILMA ROUSSEFF. Podem recorrer ao arquivo, e vocês encontrarão a madame simpática à turma que falava em Plano B, que já tinha até ministro: Aloizio Mercadante… Esse ainda acabará reescrevendo aquele capítulo de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis: De como não fui ministro…
Palocci e o não-petista Henrique Meirelles (Banco Central) seguraram a onda. Também o então secretário de Política Econômica, Marcos Lisboa, teve papel decisivo na manutenção do rumo. E, é evidente, Lula preferiu não mudar. Da crônica da estabilidade, vou para a metáfora rural: cachorro mordido por cobra tem medo de lingüiça.
Os mesmos que pregavam o “cavalo-de-pau” no “modelo econômico” tinham jurado a Lula que o Plano Real seria um desastre… Se o chegão do PT não estava equipado intelectualmente para entender a importância da estabilidade das regras, tinha ao menos a experiência do que os “teóricos” de seu partido lhe haviam soprado aos ouvidos.
Muito bem! Palocci passou, então, a ser visto como “A GARANTIA” de que o PT não faria besteira.
Enquanto ele estivesse lá, tudo estaria seguro.
continua no post abaixo
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