Mesma mágica
Repete-se, assim, a mesma mágica de antes: temos um governo que envia seus decretos e faz as suas conferências comuno-fascistóides para ameaçar a liberdade de imprensa, mas temos um Palocci que nos diz que aquilo que está lá não deve ser levado muito ao pé da letra; que aquilo não é para valer.Noto que o governo mudou o texto no que diz respeito à Comissão da Verdade, corrigindo-o com um novo decreto, mas manteve inalterados os artigos que tratam da censura à imprensa.
Por que fiz a crônica da estabilidade na abertura deste texto?
Porque, mais uma vez, estamos diante de uma mesma fraude intelectual: PORQUE O PT PROMETE QUE NÃO NOS VAI TIRAR O QUE NÃO PODE MESMO NOS TIRAR — A ECONOMIA DE MERCADO —, ENTÃO PODEMOS SER MOLESTADOS POR SUAS TENTATIVAS ESTÚPIDAS DE CRIAR MECANISMOS DE CENSURA.
Palocci age, assim, mais uma vez, como o garantidor e o mediador de dois mundos: sobe à terra como representante conversável do mundo das idéias mortas para dizer que as coisas não são bem como pensamos.
Sai do seminário e volta lá às catacumbas como queem saiu para cumprir uma missão de pacificação e ver o que andam pensando “os outros”.
E há quem queira que devamos lhe ser muito gratos porque, afinal, ele não tem a sede de sangue de muitos de seus pares.
Comigo, não, violão!
SE O DECRETO NÃO É PARA VALER, QUE O GOVERNO LULA FAÇA UM OUTRO MUDANDO AQUELA ESTROVENGA. SE NÃO FAZ, ENTÃO É PORQUE PRETENDE NOS AMEAÇAR COM ELE.
Encerrando com o outro pilar
E o outro pilar da minha intervenção, como ficou claro aos presentes e a quem acompanhou pela Internet, diz respeito à responsabilidade dos próprios veículos de comunicação. Não raro, sob o pretexto de ouvir as vozes plurais da sociedade, confundindo isenção com “isentismo” e outro lado com “outro-ladismo”, a grande imprensa faz-se porta-voz e incentivadora de práticas que atentam contra a liberdade de expressão, contra a democracia, contra o estado de direito.
Não, senhores!
Muitos outros coleguinhas já o tinham feito.
Ocorre que tinham achado aquilo tudo normal, sensato, razoável.
A questão é de valores. E a imprensa brasileira está, em boa parte, tomada pela militância e por sua “corrosão de caráter”, para recorrer a uma imagem que o professor Roberto Romano empregou nesta segunda.
Fazer o quê? Não tenho receitas. Eu já disse o que faço. Chamo coisas e pessoas por seus respectivos nomes e desço o sarrafo naqueles que buscam solapar os valores que considero inegociáveis: democracia representativa e estado de direito.
E não compactuo com quem acende uma vela a deus e outra ao capeta. E estado de direito é estado de direito mesmo!!! A origem, a grana, a família, a sorte, sei lá eu, tudo isso faz com que existam no mundo donos de casa e caseiros. A constituição os iguala. E, por isso, sem autorização da Justiça, não se violam nem o sigilo do dono da casa nem o sigilo do caseiro.
É uma metáfora. Mas também é uma metonímia. É claro que estou me referindo a Palocci. Não costumo recorrer nem a delicadezas nem a indelicadezas oblíquas. O ex-ministro se safou. Jorge Mattoso, ex-presidente da Caixa e considerado o homem que deu a ordem para escarafunchar a conta de Francenildo, foi um dos entrevistadores de Dilma Rousseff no livro-entrevista lançado no congresso do PT para provar que a candidata pensa.
Não vem que não tem, “garantidor”!
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