E a Polícia Federal abiscoitou os computadores dos agentes da Abin, nos próprios escritórios da agência de informação da Presidência da República. Quem armou essa quizumba toda foi o delegado Protógenes Queiroz, o caçador de banqueiros, a partir das investigações nas quais misturou a arapongagem da PF e da Abin, em ilegais operações das quais resultaram autos policiais de raro valor literário, falemos assim.
Que pouco valem para enquadrar o banqueiro Daniel Dantas, o perseguido, coitado, um ícone da moralidade dos negócios entre governos e iniciativa privada. Mas que certamente nortearão medidas “urgentes” das autoridades sobre os modos vigentes na República.
Os arquivos dos computadores, como os de nome “boqueteira” e “jussara” , comentados pelo colunista da Veja Diogo Mainardi - está ai abaixo a matéria - desvendam bucólicas cenas de mundanices, a ocupar o tempo dos puliça de elite da banânia.
Coisas, dizem os que viram, que deixariam morto de vergonha o jovem empregado cubano, que no óleo sobre tela do francês Achille Devéria (1800-1857), brinca de cobra cega com a patroa e empregadas, enquanto o patrão se ocupa fora de casa. De forma tão oportuna, digamos, como a dos agentes da Abin, enquanto o banqueiro não agia, ou estava a fazer coisas normais.
Sobre certo filme contido nos arquivos do serviço de inteligência do país, outro blogueiro importante, o Josias de Souza, da Folha de São Paulo, anota que “sabe-se apenas que o financiador do filme não freqüenta a cena em posição confortável.” Me parece ser a primeira vez nestpaís que se fala em financiadores nessa posição, se é que o Josias se refere ao que os mais distraídos podem pensar.
Mas pode ser isso mesmo, imagino. Tanto que Gabinete de Segurança Institucional, do general Jorge Félix, está em polvorosa, conta o blog. Reagiu à notícia por meio da divulgação de uma nota à imprensa, cujo texto divide-se entre a repulsa aos devassos e a decepção com quem os descobriu. Então. Decepção com quem descobriu o sururu. Não faz sentido?
Mas o caso não ficará por conta de puliças e blogueiros. Irá a debate no cangaço nacional, nalguma CPI, para a qual sugiro o nome de “ CPI da Boqueteira”. Veremos então, ao vivo pela tv, os nobres parlamentares em plenário com seus laptops, atentos às imagens dos autos da devassa, em cenas que captarão seus semblantes, que irão da reprovação àquela cara de quem está sonhando acordado. Senado, vale lembrar, vem de senil, no sentido antigo de sábios, mas que em certos momentos se distraem. Quando então a audiência, sabe-se, costuma aumentar.
E os telespectadores atônitos, não com as cenas dos autos, como não devem estar com a do empregado cubano de ereto jaez moral, se repararam. Mas atônitos com a cena das autoridades em ação, no plenário da Casa do Povo, como gostam de chamá-la. E haverão de lembrar do cantor, chamando o ladrão por causa da polícia.
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