Ouvido nesta terça (25) pela CPI do Grampo, o servidor Nery Kluwe, presidente da Asbin (Associação de Servidores da Agência Brasileira de Inteligência), fez uma revelação surpreendente.
Contou que a Abin torrou na Satiagraha a bagatela de R$ 800 mil. É mais, muito mais do que os R$ 466 que a PF investiu na operação.
Tomada pelo lado da oficialidade, a investigação de Daniel Dantas e sua trupe é –ou deveria ter sido— um trabalho da Polícia Federal.
Vista pelo perfil orçamentário, tratou-se, em verdade, de uma ação da agência de espionagem do governo.
Em depoimento à mesma CPI do Grampo, o diretor afastado da Abin dissera que a Abin atuara na Satiagraha “informalmente”, como força auxiliar. Era lorota. Hoje, sabe-se que foram empurrados na Satiagraha pelo menos 82 espiões da Abin.
No início, falava-se em cinco gatos pingados. Em investigação interna, ainda inconclusa, a PF descobriu que a ação da arapongagem nada teve de informal. Os espiões da Abin manusearam dados provenientes de escutas telefônicas e de espionagem eletrônica.
Algo vedado pela lei. Tudo seria remediável não fosse por um detalhe: a presença dos espiões no inquérito converteu-se em munição para os investigados.
Os advogados de Daniel Dantas valem-se dos desacertos da Satiagraha para requerer na Justiça a anulação do processo. Não tiveram êxito, por ora. Mas as petições escalam as instâncias superiores do Judiciário.
Vão chegar ao STF cedo ou tarde. E nada assegura que ali, onde Daniel Dantas e os demais encrencados cavaram as decisões que os livraram da cana, a reclamação não seja acolhida.
O contribuinte brasileiro, ansioso para ver o investigado-geral da República punido, não merecia semelhante lambança.
por Josias de Souza
0 comentários:
Postar um comentário