Falta de habilidade do Planalto na relação com Congresso é alvo de críticas de parlamentares oposicionistas
O senador Alvaro Dias: "Governo está claudicante"
(Lia de Paula/Agência Senado)
Figura de Ideli Salvatti, no entanto, é poupada
A oposição reagiu com ceticismo à nomeação de Ideli Salvatti para a articulação política do governo. A nova ministra de Relações Institucionais já foi deputada estadual e senadora, mas nunca passou pela Câmara dos Deputados e tem fama de inflexível.
Para o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), a escolha evidencia a falta de planejamento do governo: “É o resultado daquilo que nós conhecemos: a dificuldade do atual governo em se articular politicamente com sua base de apoio no Congresso Nacional".
O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), também acredita que o Planalto perdeu o rumo. “O governo está claudicante, com a presidente demonstrando insegurança, as ações são confusas e a articulação política está comprometida. Qualquer nome é ótimo para a oposição – não temos preferência por nenhum modelo de coordenação, até porque temos que ter uma faixa própria para a nossa atuação no Congresso”, analisa.
Traquejo
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN) acredita que a escolha de Ideli pode se revelar uma boa opção. "Ela tem experiência e traquejo", afirma. Ele acredita que o bom funcionamento da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) não depende apenas da atuação da responsável pela pasta: "O problema está na sintonia do governo com os partidos da base. O importante é saber o que os partidos governistas estão achando."
Base aliada
O senador petista Paulo Paim (RS) comemorou a escolha de uma pessoa do quadro do Senado para a SRI. “Os últimos ministros eram deputados e dificilmente iam ao Senado ou conheciam sua dinâmica”, diz. “Ideli foi escolhida líder da bancada diversas vezes por unanimidade, graças à sua forma de articular. Ela conhece bem nossas reclamações de falta de diálogo com o Planalto.”
Já o governista Sandro Mabel (PR-GO) admite que ficaria mais feliz com um deputado no posto. Mas vê qualidades em Ideli: “Eu preferia alguém ligado à Câmara. Mas tenho um bom relacionamento com a Ideli. Ela tem agilidade, conhece bem a política. É preciso ver se ela tem coragem de encarar a presidente.”
Os integrantes da base aliada que andavam incomodados com a demora para um desfecho para a crise acreditam que a decisão desta sexta-feira encerra o momento crítico do governo.
“Finalmente poderemos discutir os grandes temas do país, como o Código Florestal, as reformas tributária e política e o rito das Medidas Provisórias, e não mais ficar debatendo se fulano fica ou sai”, destaca Paulo Paim.
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), emitiu uma nota saudando a nova escolhida. "À ministra Ideli Salvatti, cuja experiência parlamentar é reconhecida nacionalmente, coloco-me à disposição, desde já, para iniciarmos as conversas necessárias para que a articulação política entre o Executivo e o Legislativo federal prossiga acontecendo de maneira independente, respeitosa e produtiva", diz o texto.
0 comentários:
Postar um comentário