TSE multa Lula por fazer campanha ilegal ‘pró-Dilma’
Por Josias de Souza
A platéia já se havia resignado. Rendera-se às evidências.
O TSE parecia ter dado a Lula uma licença para exorbitar.
A oposição ajuizara uma dezena de reclamações contra Lula e a candidata dele, Dilma Roussef. Rumavam, uma após a outra, para o arquivo.
Súbito, já rendido à evidência de que não nascera para assistir à cura da cegueira da Justiça Eleitoral, o brasileiro é sacudido por uma novidade.
Joelson Dias, ministro auxiliar do TSE, decidiu impor uma multa a Lula –espanto, surpresa, pasmo, estupefação!
Submetida à notícia, a platéia perde a paz, o sossego, o diabo. Ninguém mais toma café, almoça ou janta. O tempo é pouco para admirar o ocorrido
Suspendam-se os partos, os velórios e as bodas. Nenhum acontecimento vale um espirro do ministro Joelson.
O magistrado deu bom dia à lógica ao folhear uma das inúmeras representações da oposição. Refere-se a um pa©mício ocorrido no Rio, em maio do ano passado.
Além do papelório, o PSDB levou aos autos uma fita. Joelson assistiu. Um trecho chamou-lhe a atenção (confira lá no alto).
Empoleirado no pa©lanque, Dilma a tiracolo, Lula discursa: “Esse país pode ser diferente, se a gente aprender a não eleger mais vigarista”.
Mais adiante, a claque põe-se a gritar: “Dilma, Dilma, Dilma, Dilma, Dilma, Dilma, Dilma...”
E o presidente, tentando disfarçar a condição de cabo-eleitoral: “O Lula não falou em campanha política. Vocês é que se meteram a gritar um nome aí”.
A audiência não se dá por achada: "Dilma, Dilma, Dilma..." E Lula: “Eu espero que a profecia que diz que a voz do povo é a voz de Deus esteja correta nesse momento”.
Para o ministro Joelson, ao recorrer ao lero-lero da profecia, Lula “acabou realçando a futura candidatura”.
Foi “essa a peculiaridade" que levou o ministro a “concluir pela ocorrência de propaganda eleitoral antecipada".
Joelson livrou a cara de Dilma. Quanto a Lula, impôs o pagamento de multa de R$ 5 mil. Mixaria, considerando-se que o valor poderia roçar os R$ 50 mil. Releve-se.
No momento, importa mais o gesto do que a cifra. Antes, imaginava-se: Generalizando-se a perversão talvez se restabeleça a justiça.
Agora, tem-se a impressão de que a Justiça, embora cega, pode ter achado a lente de contato.
O Advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, mandou dizer que vai recorrer da decisão do ministro. Algo que levará a encrenca ao plenário do TSE.
Aqui, outra anomalia tida por normal. Em vez de ser defendido por advogado remunerado pelo PT, Lula se fará representar pela Advocacia da União.
Dito de outro modo:
o presidente converte ato administrativo em comício, faz campanha ilegal e ainda retira do bolso da bugrada o dinheiro para o advogado.
o presidente converte ato administrativo em comício, faz campanha ilegal e ainda retira do bolso da bugrada o dinheiro para o advogado.
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