Está consumado.
A imprensa dá conta de que o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, teve hoje a prisão preventiva decretada pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ, por grande maioria dos votos dos magistrados (14x2).
O passo seguinte é sua saída da condição de governador.
Os fatos levam à conclusão de que sua carreira política está encerrada e que ele dificilmente escapará de algum tipo de ação penal, com possível condenação.
Um fato a comemorar?
Não. Um drama humano a lamentar.
Para além da questão pessoal, todavia, estão os impactos políticos. Se estivéssemos diante de uma simples intervenção judicial corretora de malfeito, tudo bem, porém nem o mais distraído dos analistas pode acreditar nessa versão.
Não duvido que os juízes agiram corretamente, tanto do ponto de vista ético quanto do ponto de vista jurídico. Também não duvido de que o governador José Roberto Arruda cometeu todos os deslizes de que está sendo acusado, fazendo por merecer o ocaso desabonador da vida pública.
A questão substantiva é bem outra.
Bem sabemos que, sob a direção do PT, as forças federais foram postas a serviços do mesquinho serviço da perseguição política.
As modernas técnicas de escuta, filmagem e afins tornaram qualquer ato de intimidade devassável aos elementos policiais.
Bem sabemos também da facilidade com que juízes militantes estão autorizando a invasão de privacidade.
O fato é que as práticas de José Roberto Arruda não diferem muito das em uso de uma grande maioria de políticos, inclusive da situação.
Assim, não foi o mero delito que pôs o governador atrás das grades.
Nem a parafernália tecnológica.
Nem a ação traidora de seu secretário Durval Barbosa.
Foi a campana insidiosa da vontade política do partido governante na esfera federal, que está preferindo, quando possível, liquidar a questão eleitoral antes dos eleitores irem às urnas.
Claro que a hybris do governador ajudou.
Achou-se acima do bem e do mal.
Mas temos que ter em contas que aqueles que apontam o dedo são ainda piores do que o governador aprisionado.
Vimos o caso da governadora Yeda Crusius, que quase perdeu o cargo sob falsas acusações e teve um auxiliar, Marcelo Cavalcante, morto em condições suspeitíssimas. O episódio quase que inviabilizou o nome da governadora para reeleição. Nada ao acaso, como se vê.
É muito sério e muito grave o que se passa.
O farisaísmo de Lula e dos seus ministros no episódio é mais do que evidente.
O cinismo correu solto.
Eu não lamento nada pelo destino merecido de Arruda, mas eu manifesto o meu temor de que, de fato, estejamos vivendo o embrião de um Estado policial, de quem toda gente pode ser vítima, por mais poderoso que seja.
Somente o partido governante situa-se acima da polícia e da lei, delas fazendo uso para atingir seus objetivos políticos.
A saída desonrosa de Arruda do cenário político praticamente favoreceu uma chapa governista para a instância local, afetando o pleito presidencial.
Da mesma forma, a decisão “queimou” a marca do DEM, inviabilizando qualquer nome dos seus quadros para a disputa majoritária, ainda que como vice-presidente.
E prejudicou diretamente o candidato José Serra, que terá a sua campanha fragilizada. Afinal, Arruda seria um aliado seu de primeira hora.
A jogada de quem destruiu José Roberto Arruda foi completa.
Atingiu o alvo em cheio.
Meu caro leitor, eu confesso-lhe que acontecimentos como esse aumentam meu medo, em muito.
O risco totalitário está nos rondando.
O episódio Arruda foi apenas um elo de uma longa cadeia no rumo do Estado Total.
11 de fevereiro de 2010
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