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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

E assim caminha a imprensa no Brasil....




A Folha Online publicou ontem, dia 26, às 17h18, um “erramos”, corrigindo a transcrição que fez da fala de Lula sobre as enchentes. O texto da correção é este:

“Diferentemente do que foi publicado nas legendas da reportagem “Lula diz ter deixado São Paulo ‘para se livrar das enchentes’” (Videocast - 25/01/2010 - 15h47), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que muitas vezes não ia trabalhar porque a [avenida] Presidente Wilson enchia e, obviamente, “gostava porque não tinha que trabalhar naquele dia”, e não que “não gostava porque não conseguia trabalhar”. A legenda do vídeo foi corrigida.

Leiam esta seqüência de fatos. Volto depois para comentar alguns aspectos jornalísticos e políticos:

1 - às 19h11 do dia 25, publiquei o post LULA DIZ QUE GOSTAVA DE ENCHENTE “PORQUE NÃO TINHA DE TRABALHAR”. EU JURO! ELE DISSE ISSO MESMO!. O post trazia o link da CBN com a gravação da fala de Lula. O som era perfeito;

2 - às 6h29 do dia 26, publiquei um longo texto analítico ligando aquela fala de Lula ao desastre de bilheteira (caso se considerem a expectativa e o investimento) do filme hagiográfico. Chama-se LULA FELIZ NA ENCHENTE;

3 - tem início, na manha de ontem, uma verdadeira corrente na Internet afirmando que eu distorci - na verdade, inverti - o que dissera o presidente. Estranhei. Até que um petralha me enviou um link da Folha Online que trazia uma transcrição errada da fala de Lula;

4 - às 14h59 de ontem, escrevi o post FOLHA ONLINE FAZ TRANSCRIÇÃO ERRADA DA FALA DE LULA E INVERTE O SENTIDO DO QUE DISSE O PRESIDENTE , afirmando que a Folha devia um “erramos” a seus leitores;

5) às 17h18, quase 26 horas depois da publicação da transcrição errada, a Folha publicou o “Erramos”. Não porque eu cobrei, claro. Mas porque era sua obrigação, não é mesmo?

Comento

No que diz respeito à questão da informação, é claro que a Folha Online demorou demais para corrigir o erro. A rigor, se tivesse tentado achar um áudio decente — e o da CBN estava disponível fazia tempo —, o erro não teria acontecido.

Não é problema meu, é óbvio, e não sou conselheiro de veículos alheios, mas um exército reunia mais condições de varrer as várias fontes possíveis para saber o que Lula realmente dissera do que um só — no caso, eu.

Noto que os portais, muitas vezes, trabalham como se os outros — a concorrência — não existisse. Isso é uma grande bobagem, especialmente na rede.

Quanto à questão do erro propriamente, vocês não têm idéia do quanto apanhei enquanto aquela transcrição errada da Folha Online ficou no ar.

E, claro!, os petralhas nem mesmo se ocuparam em ouvir a fala de Lula que a CBN levara ao ar. Uma boa síntese desses comentários pode ser este aqui, de uma coitada chamada “Jussara”. Divirtam-se um pouco:

Engraçado, onde você diz que tem o áudio correto, não existe nada. Agora, em quem acreditar? Como tenho em casa um engenheiro de som e uma parafernália danada, foi possível ver que a Folha não errou (desta vez, não), ao contrário de quando publicou uma montagem bem fajuta da ficha da Dilma. Então, quem está mentindo, heim????
Como eu não acredito em nada do que leio na internet, sempre confiro. Fui conferir sua informaçãoo e nada!! Engraçado que ninguém comenta isso, não é mesmo?

Não é mesmo encantador? Não é piada da moça, não. Ela não sai do blog. Sempre com essa precisão.

Para encerrar

Quem leu meu post das 14h59 de ontem sabe que não afirmei que houve má-fé da Folha. Até escrevi que não se tratou de uma distorção deliberada, consciente.

Isso pode até contar a favor da moral de quem transcreveu a fala, mas depõe contra o jornalismo (ver post acima).

É um sintoma de uma doença que se estendeu aos jornais.

É inequívoco constatar que há uma certa tolerância irrefletida com as batatadas que Lula costuma dizer.

Assim como noto certa intolerância, não menos irrefletida, com as oposições.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010 | 6:43

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