Para Roberto Gurgel, ficou clara existência de um esquema de corrupção no Congresso.
Foi recomendada a absolvição de Luiz Gushiken e Antônio Lamas
Foi recomendada a absolvição de Luiz Gushiken e Antônio Lamas
O empresário Marcos Valério, operador do mensalão, em frente ao Congresso Nacional (Alan Marques/Folha Imagem)
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu nesta quinta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação de 36 réus envolvidos no esquema do mensalão.
O STF deverá estabelecer um prazo para que os advogados dos réus apresentem suas defesas finais.
O encaminhamento da votação ainda depende de um pedido para que o processo seja incluído na pauta de julgamentos do Supremo, ação que caberá ao ministro Joaquim Barbosa, relator do processo.
Gurgel recomendou a absolvição apenas do ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e de Antônio Lamas, ex-assessor do deputado Valdemar Costa Neto (PR).
Todos os outros réus devem ser considerados culpados, de acordo com o relatório do procurador-geral, para quem ficou clara a existência de um esquema de corrupção.
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o ex-presidente do PT José Genoíno e o publicitário Marcos Valério fazem parte da lista dos réus.
Mensalão
Em 2005, descobriu-se que o PT havia montado um gigantesco esquema de compra de votos de deputados na Câmara Federal, para aprovar projetos do governo.
Cada deputado custava cerca de 30.000 reais por mês. A fatura era paga com dinheiro público, desviado por um esquema criado por Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, e por Marcos Valério.
Pressão
Além de encontrar infindáveis maneiras de adiar o julgamento do processo, a defesa dos envolvidos na quadrilha tem artimanhas para reconstruir a imagem dos acusados – e tentar coagir o Supremo.
Os mensaleiros foram, ao longo dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, gradualmente reabilitados.
Em abril, Genoíno foi nomeado assessor especial do Ministério da Defesa.
A ideia é mostrar que o ex-deputado ocupa um cargo relevante, subordinado diretamente a Nelson Jobim, ex-ministro do STF.
A mensagem subliminar é que um ex-magistrado não ousaria nomear um criminoso para um cargo de tanta confiança.
João Paulo Cunha, que presidia a Câmara no período do escândalo, facilitava contratos a financiadores do esquema e usava o dinheiro da propina, assumiu agora a Comissão de Constituição e Justiça da Casa.
No velório do ex-vice-presidente José Alencar, ficou a poucos metros dos ministros do STF Gilmar Mendes e Ellen Gracie, que vão julgá-lo no processo do mensalão.
Dirceu chegou a ser cotado para o cargo de ministro do governo Dilma.
As nomeações de mensaleiros para postos estratégicos têm o único objetivo de conferir a eles algo que a investigação oficial lhes tirou: respeitabilidade.
É uma maneira de tentar conseguir a absolvição perante os cidadãos, para, depois, contar com a tradição do Supremo Tribunal Federal de não condenar políticos.
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