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quarta-feira, 1 de junho de 2011

O impeachment de Collor é a exceção que confirma a regra da impunidade

Nesta segunda-feira, ao reinaugurar o “Túnel do Tempo” ─ conjunto de 16 painéis que registram os principais momentos da saga do Congresso ─ o senador José Sarney caprichou na pose de testemunha ocular da História para justificar o sumiço da imagem da votação do impeachment do presidente Fernando Collor.

“Esse episódio não é tão marcante como foram os fatos que estão aqui contados”
, ensinou. “Talvez seja apenas um acidente que não deveria ter acontecido”.

O prazo de validade da explicação de Sarney expirou nesta tarde. “Eu não fui curador nem autor dessa exposição”, começou por absolver-se. “Mas, para evitar interpretações equivocadas, determinei à seção competente do Senado e sua administração que faça constar da devida exposição o impeachment do presidente Collor”.

Atribuiu a mudança de ideia à leitura dos jornais do dia. Mas também é possível que tenha voltado atrás por ter revisto o vídeo em que Fernando Collor, na campanha de 1989, diz o que pensa de Sarney (confira na seção História em Imagens).


O Sarney de segunda-feira é o que tem razão: a paisagem humana do Congresso se afina muito mais com o Túnel do Tempo sem a queda de Collor.

A punição aplicada ao chefe de governo que desonrou o cargo foi mesmo um acidente singularíssimo. É a solitária exceção que confirma a regra da impunidade.

A Câmara e o Senado se transformaram em dois viveiros de delinquentes. Se o tratamento rigoroso dispensado a Collor fosse estendido a todos os fora-da-lei homiziados no Congresso, 90% dos gabinetes seriam imediatamente esvaziados.


Começando pelo gabinete de Sarney.

 Direto ao Ponto


31/05/2011

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