Sem sessão
BRASÍLIA - A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara cancelou a sessão que seria realizada a partir das 9h30m desta quarta-feira, na qual poderiam ser votados requerimentos de convocação do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. O presidente da comissão é Sérgio Brito (PSC-BA), que pertence à base governista. A oposição quer que o ministro explique sua evolução patrominial , já que ele fez a aquisição, em nome de sua empresa de consultoria, de um apartamento de R$ 6,6 milhões e de um escritório de R$ 882 mil em São Paulo, no ano passado.
Os deputados e os jornalistas que chegavam para acompanhar a sessão eram informados, por meio de um cartaz fixado na porta da sala, que ela não seria realizada, por conta de uma sessão extraordinária no Plenário, convocada na terça-feira à noite, para as 9h desta quarta-feira. Esta não é uma prática comum, já que a praxe é dar início às comissões e, caso tenha quórum no Plenário, as sessões são interrompidas.
No entanto, às 9h50m, quando a sessão na Comissão de Fiscalização Financeira já estava cancelada, o Plenário ainda não tinha quórum. Apenas 102 dos 513 deputados tinham marcado presença. Ou seja, a sessão na comissão poderia ser realizada.
Outras comissões também foram canceladas, como a de Desenvolvimento Econômico. A estratégia do governo é evitar qualquer tipo de surpresa com uma convocação inesperada de Palocci.
Oposição espalha cartazes contra Palocci e seguranças retiram
Ao saberem dos cancelamentos em algumas comissões, membros da oposição começaram a colar cartazes com o dizer "Blindagem do Palocci". No entanto, logo depois, seguranças da Câmara começaram a tirar os cartazes, informando que, sem a permissão da direção da Casa, não é possível fazer esse tipo de protesto. A colagem de cartazes só é permitida na porta do gabinete do próprio deputado.
- Vocês estão abusando de sua autoridade, isso é censura - disse o líder do PPS, Rubens Bueno, que colava alguns cartazes.
O líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), disse que foi chamado pela presidente em exercício da Casa, Rose de Freitas (PMDB-ES), para uma reunião de líderes. O deputado, no entanto, disse que não iria ao encontro, a exemplo do que seria feito também pelos líderes do PSDB e PPS. A oposição ficou irritada com a atitude do governo e chamou a estratégia de cancelar as comissões de golpe.
Segundo ACM, a oposição não senta mais à mesa com o governo enquanto continuar o que eles chamam de "golpe".
Mais cedo ou mais tarde as sessões serão retomadas e o requerimento será votado
- A presidente Rose me chamou para conversar, mas eu disse a ela que o diálogo está suspenso. Não conversamos com golpes - disse o líder do DEM.
- Mais cedo ou mais tarde as sessões serão retomadas e o requerimento será votado. O governo joga com a lógica do esquecimento, mas é pior para o Palocci, que continuará em evidência. Se o governo tem maioria, que nos derrote, mas que não tente ganhar por WO, porque isso é um golpe no Parlamento.
A indignação do líder do DEM foi reforçada por outros companheiros de oposição.
- É golpe. Isso nunca aconteceu antes - disse Vanderlei Macris (PSDB - SP), que apresentaria um requerimento para a convocação de Palocci na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle.
PSDB, DEM e PPS tentam convocação de Palocci em várias comissões
A oposição abriu várias frentes para tentar aprovar a convocação de Palocci. Além da tentativa na Comissão de Fiscalização Financeira, o PSDB, DEM e PPS querem apresentar requerimentos na Comissão de Finanças e Tributação, na Comissão de Agricultura, sob o argumento de que Palocci fale sobre o Código Florestal, e até na Comissão de Defesa do Consumidor.
Enquanto algumas comissões presididas por governistas foram canceladas, a oposição correu para a Comissão de Agricultura, que estava sendo comandada por Lira Maia (DEM - PA).
Quando os deputados estavam na Comissão, o governo conseguiu quórum no Plenário, dando início à ordem do dia às 10h45m. Com isso, a comissão foi interrompida temporariamente.
18/05/2011
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