Um dos problemas de Jair Bolsonaro é o despreparo intelectual
Por Reinaldo Azevedo
As coisas certas que diz se misturam com as erradas, e boa parte da imprensa, evidentemente, por culpa dele, dará destaque às erradas. Não obstante, toca em questões que a covardia coletiva evita. Leiam o que vai na Folha Online.
Volto em seguida:
O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) fez mais declarações polêmicas nesta quinta-feira. Em entrevista à rádio Estadão-ESPN, Bolsonaro afirmou que não admite “apologia ao homossexualismo”, ao criticar o que ele chama de “kit gay” - vídeos anti-homofobia que o Ministério da Educação estuda distribuir às escolas.
Para o deputado, a “briga” entre ele e a comunidade gay não tem nenhuma relação com homofobia. “Atenção pais: os seus filhos vão receber um kit que diz que é pra combater a homofobia, mas que, na verdade, estimula o homossexualismo. Para mim, isso é grave. Eu não admito você fazer apologia ao homossexualismo, idolatrar o homossexual”, disse Bolsonaro.
Questionado pela rádio sobre como seria se ele tivesse um filho gay, o deputado disse acreditar que homossexualismo é uma questão de educação. “Eu não corro esse risco, eduquei muito bem meus filhos. Nós somos produto do meio. Eu sou contra a adoção por casais homossexuais. Se qualquer um de nós for criado por um homossexual, com toda certeza vai ser um homossexual”, afirmou.
Na entrevista, Bolsonaro fala ainda sobre um suposto aumento do número de gays atualmente. Para ele, há mais gays hoje por conta de “consumo de drogas, promiscuidade, o meio em que ele [o jovem] acaba vivendo, achando que tudo democrático é bacana, tudo é culpa da ditadura”.
O deputado aproveitou o espaço também para “saudar” os militares pelo 31 de março, data do golpe militar de 1964.
Voltei
Aí Bolsonaro até poderia dizer que faltaram algumas porradas… É indefensável porque é uma besteira, um preconceito chulo, uma mentira comprovada.
Ao botar em primeiro plano seu achismo, seus chutes, sua retórica desmesurada, acaba comprometendo o lado sensato do seu combate, que existe, sim: o material preparado pelo Ministério da Educação é inaceitável sob qualquer critério que se queira (ver abaixo).
A escola pode e deve debater, já deixei claro, preconceito e intolerância, mas NÃO PRECISA E NÃO DEVE FAZÊ-LO NUMA LINGUAGEM MILITANTE.
Não precisam porque é necessário que os alunos entendam conceitualmente uma questão. E não devem porque exorbitam de sua função e seqüestram uma prerrogativa que é da família. Escola pública é “estado”, e “estado” não deve ter lado em questões que digam respeito à moral privada. Só os estados fascistas entram nessa.
Bolsonaro deve ser combatido na sua ignorância. Mas nenhum estado foi autoritário o bastante até hoje a ponto de proibir que alguém seja ignorante, entenderam?
Estou sendo claríssimo nesse debate. É preciso estar munido de muita má fé para apontar uma suposta ambigüidade minha. Ambigüidade é o escambau! O deputado está falando besteira no que concerne às razões que levam alguém a ser gay. Visivelmente, prefere seu preconceito à informação. Quanto ao material preparado pelo MEC, dizer o quê? Aquilo é proselitismo mesmo! Não acho que alguém se tornará homossexual por causa dele. O ponto é outro: o estado está indo além do que lhe é permitido.
O Bolsonaro massacrado esconde uma violência de estado. O MEC está tentando assumir o lugar que cabe às famílias, o que é próprio das ditaduras, não das democracias.
31/03/2011
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