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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

PF acha material pornográfico em equipamentos da Abin

Peritos ainda não conseguiram abrir todos arquivos dos discos rígidos apreendidos no Rio

Por Fausto Macedo

"Farta quantidade de arquivos de conteúdo pornográfico" é o que os peritos da Polícia Federal encontraram entre os registros secretos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A revelação sobre as atividades insólitas de arapongas consta do Relatório de Análise de Mídias que a PF produziu a partir do exame realizado em HDs de cinco computadores recolhidos por ordem judicial no prédio número 135 da Rua Equador, no bairro do Santo Cristo, endereço da base de operações da Abin no Rio.

O relatório, ainda parcial, é subscrito por um delegado e quatro agentes da Polícia Federal que investigam o vazamento de dados confidenciais da Satiagraha, missão federal que tem como alvo maior o banqueiro Daniel Dantas, do Grupo Opportunity. O documento, de dez páginas, circula em Brasília desde terça-feira.

Uma cópia está em poder do senador Heráclito Fortes (DEM-PI), presidente da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência. Outra na mesa do general Jorge Félix, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, ao qual está afeta a Inteligência do Brasil.

"Boqueteira", "Ninfeta que você nunca viu" e "Jussara" são três desses arquivos rotulados estratégicos que os peritos identificaram na CPU HP DX5150 MT, patrimônio Abin 89408, lacrado sob número 012545.

A central foi localizada em uma sala do prédio e indicada pelo servidor Vicente Ernani Filho "como sendo equipamento que teria sido utilizado pelos agentes da Abin que atuaram na Operação Satiagraha".

ACESSO REMOTO

Para abrir e disponibilizar os arquivos achados em disco rígido, a perícia da PF adotou procedimento denominado Sistema de Acesso Remoto de Dados.

A devassa tem amparo em ordem da Justiça. No dia 5 de novembro, a PF vasculhou o Centro de Operações da Abin/Rio e outros locais, incluindo o apartamento do delegado da PF Protógenes Queiroz, mentor da Satiagraha, mas afastado do caso.

A PF informa que não tem interesse em escancarar os segredos da agência que sucedeu o Serviço Nacional de Informações (SNI), do regime militar. Os federais avaliam, porém, que os arquivos pornográficos que predominam no reino dos arapongas explicam tanta ansiedade e impaciência diante da operação de busca.

Desde que os equipamentos - computadores, pen drives, HDs e mídias de armazenamento - foram recolhidos pela PF, o governo trava uma batalha incessante para fiscalizar a perícia da PF e impedir sua divulgação.

A verificação, sustenta o relatório da PF, está sendo realizada "adotando-se critérios para a localização de dados de possível interesse, técnica de filtragem por argumentos, tais como data de criação ou modificação, tipo de arquivo, nome de investigados, nome da operação e outras expressões-chave".

PARLAMENTARES

A PF suspeita que alguns registros contêm dados sobre parlamentares. A desconfiança ganhou força depois que um araponga da Abin declarou à PF que manteve sob vigilância um deputado que visitou o prédio do Opportunity, no Rio.

Algumas memórias ainda não foram deslacradas porque estão criptografadas. O material até aqui analisado revela três conteúdos distintos e indica que nem tudo é pornografia no dia-a-dia da Inteligência.

O primeiro conteúdo aponta, de fato, atividades afetas a situações de interesse público. O segundo, dados de interesse específico da investigação sobre o furo do sigilo da Operação Satiagraha. O terceiro, mais alentado que os anteriores, contém áudios e imagens relativos a temas de sexo. Federais que tiveram acesso a esse material atestam que as cenas "são fortes".

"Em visão expandida da árvore de diretórios, além da presença de diversas pastas e arquivos identificados como integrantes do sistema operacional do equipamento, verificou-se a existência de um total de 21.504 arquivos, dentre eles 4.190 classificados como documentos, 9.551 como gráficos e 220 como multimídia, recaindo sobre esses arquivos especificados o interesse na análise para verificação de pertinência e interesse à apuração dos fatos em questão", destaca o parecer da PF.

Foram encontrados em apenas uma CPU 405 arquivos criptografados, cujo acesso ao conteúdo não foi disponibilizado. "Do material analisado, cotejado com os elementos existentes nos autos, não se vislumbrou a existência de arquivos de interesse específico à investigação, porém, registra-se, também, a existência dentre os arquivos de imagens e vídeos, de farta quantidade de arquivos de conteúdo pornográficos", anota a Polícia Federal. Aqui.


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