Por O Globo / Agências Internacionais
RIO — Os Estados Unidos se retiraram nesta terça-feira do Conselho de Direitos Humanos da ONU, segundo anunciou a embaixadora americana para as Nações Unidas, Nikki Haley. Ela justificou a decisão pela falta de apoio de outros países para reformar o órgão, a que chamou de "hipócrita" e "autocentrado". A saída de Washington marca a mais recente rejeição norte-americana ao engajamento multilateral desde que o país se desligou do acordo climático de Paris e do pacto nuclear com o Irã.
— Tomamos este passo porque nosso compromisso não nos permite seguir fazendo parte de uma organização hipócrita e autocentrada, que zomba dos direitos humanos — disse Haley. — Ao fazer isso, quero deixar claro que este passo não é um recuo dos nossos compromissos com os direitos humanos.
Os EUA estão na metade de um mandato de três anos no principal organismo de direitos humanos da ONU e há tempos vinham ameaçado abandoná-lo caso não fosse reformado. O governo americano acusa o conselho de 47 membros, cuja sede está localizada em Genebra, de manter uma postura anti-Israel, nação de quem a Casa Branca do presidente Donald Trump vem se aproximando.
Na semana passada, a agência Reuters noticiou que as conversas com os EUA sobre uma reforma do órgão não haviam atendido às exigências de Washington, indicando que o governo Trump abandonaria o fórum. Os EUA estão também enfrentando fortes críticas pela apreensão em massa de crianças separadas de seus pais imigrantes na fronteira com o México. Na segunda-feira, Zeid Ra'ad al-Hussein, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, pediu que Washington suspenda sua política "impiedosa".
Os EUA boicotaram o Conselho de Direitos Humanos da ONU durante três anos durante o governo do ex-presidente George W. Bush e voltaram ao organismo em 2009, já no governo do democrata Barack Obama.
Um ano atrás, Haley disse que Washington estava analisando sua filiação ao conselho e pediu a eliminação do que chamou de "crônico viés anti-Israel". Criado em 2006, o órgão tem como elemento permanente de sua agenda as violações cometidas por Israel nos territórios palestinos ocupados. A tensão entre forças militares israelenses e moradores da Faixa de Gaza aumentou nos últimos meses, provocando condenações internacionais contra as decisões do governo liderado pelo premier Benjamin Netanyahu.
0 comentários:
Postar um comentário