Operação investigou mais de cem políticos e levou o primeiro ex-presidente à cadeia
Por O Globo
BRASÍLIA — Em quatro anos nas ruas, a Operação Lava-Jato já investigou mais de cem políticos, entre eles o presidente da República, ex-presidentes, ministros de Estado e caciques de partidos. Políticos de 14 legendas diferentes, de todos os espectros ideológicos, do PT ao PSDB, foram investigados e denunciados neste período. Os que têm direito a foro privilegiado, no entanto, têm escapado de pedidos de prisão.
A operação começou em 17 de março de 2014, com a Polícia Federal prendendo o doleiro Alberto Youssef, o empresário Enivaldo Quadrado, dono da corretora Bônus-Banval e mais 14 desconhecidos suspeitos de lavagem de dinheiro e corrupção. Parecia só mais uma das operações de médio ou pequeno porte da PF. Mas não era. Descortinou-se um rombo de mais de R$ 6 bilhões nos cofres da Petrobras e abriu-se a porta para apurar irregularidade em diversos níveis de poder.
As investigações envolveram mais de 30 grandes empresários, entre eles donos das dez maiores empreiteiras do país. Na coleção de investigados da Lava-Jato está ainda um expressivo número de lobistas, doleiros e operadores envolvidos na movimentação ilegal de dinheiro desviado da Petrobras e de outras áreas da administração pública. A Lava-Jato só não avançou até agora na seara do Judiciário. Um único inquérito, aberto para apurar suposto envolvimento de dois ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em obstrução das investigações, acabou sendo arquivado por falta de provas.
Na quinta-feira, o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba decretou a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. Isto menos de dois anos depois do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A ex-presidente teve o mandato cassado por crimes contábeis, mas também acabou sendo investigada por tentativa de obstruir as investigações de parte da Lava-Jato.
O PMDB e o PSDB também sentiram o peso da operação. O presidente Michel Temer já foi alvo de duas denúncias. A primeira por corrupção. A segunda por envolvimento em organização criminosa e obstrução de justiça. Ele ainda é alvo de dois inquéritos criminais. As investigações já resultaram na prisão de boa parte de seus principais ex-auxiliares, entre eles Geddel Vieira Lima, após a descoberta de um bunker com R$ 51 milhões em Salvador. Uma das frentes da Lava-Jato também levou a pedidos de prisão do ex-presidente José Sarney, do ex-presidente do Senado Renan Calheiros e do ex-ministro Romero Juca, líder do governo Temer no Senado, mas eles foram negados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A Lava-Jato atingiu também os tucanos Aécio Neves (MG) e José Serra (SP) até então os dois mais influentes parlamentares do partido. Aécio foi flagrado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS. O senador conseguiu escapar, no STF, de um pedido de prisão formulado contra ele pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot. Serra foi acusado de receber propina da Odebrecht. Parte dela, R$ 23 milhões, teria sido paga no exterior. O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidência da República, também é alvo de um inquérito. Ele foi acusado por três delatores de receber dinheiro do caixa dois da Odebrecht nas eleições de 2010 e 2014.
Além de PT, PMDB e PSDB foram alvos da Lava-Jato políticos do PTC, PSB, SD, PR, PPS, PP, DEM, PC do B, PRB, PTB e PSD.
08/04/2018
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