Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Ex-diretor da Petrobrás aponta nomes de executivos de empreiteiras no esquema


Paulo Roberto Costa citou nomes da Odebrecht, Camargo Corrêa, UTC, Andrade Gutierrez, Iesa, Engevix, Mendes Jr.

Por Fausto Macedo, Ricardo Brandt e Mateus Coutinho
PAULO ROBERTO COSTA/CPMI

O ex-diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa afirmou à Justiça Federal que os desvios de recursos na estatal ocorreram em um processo de “cartelização das grandes empresas do Brasil”. Ele disse que existia no âmbito das grandes obras da Petrobrás “um acordo prévio” entre as empreiteiras.

“Na área de petróleo e gás essas empresas, normalmente entre os custos indiretos e o seu lucro, o chamado BDI, elas colocam algo entre 10% a 20% dependendo da obra, dos riscos, da condição do projeto. O que acontecia especificamente nas obras da Petrobrás, o BDI era 15%, por exemplo, então se colocava 3% a mais alocado para agentes políticos.”

Paulo Roberto Costa apontou os nomes de todos os principais executivos das empreiteiras que, segundo ele, participaram do cartel na Petrobrás.

Segundo ele, o dinheiro da propina “passava direto das empresas para os agentes políticos”. O juiz Sérgio Moro perguntou ao ex-diretor da Petrobrás quais empresas participavam do cartel.

Ele citou, inicialmente, sete gigantes da construção, pela ordem: “Odebrecht, Camargo Correa, UTC, Andrade Gutierrez, Iesa, Engevix, Mendes Jr.”

O sr. tratava com os diretores e presidentes das empresas?, indagou o juiz federal Sérgio Moro
“Perfeito.”

Eles tinham conhecimento dessa remuneração?
“Sim.”

O juiz insistiu. “Por exemplo, da Camargo Corrêa, com quem o sr tratava?”

“Na Camargo Corrêa tratava-se com o Eduardo Leite.”

“OAS também participava?, perguntou o juiz.

“OAS também participava”

“Com quem o sr tratava?

“Leo Pinheiro.”

A UTC?

“Ricardo Pessoa.”

Na Odebrecht?

“Rogério Araújo e Marcio Faria.”

Queiroz Galvão?

“Hildefonso Colares.”

Toyo Setal?

“Júlio Camargo, Toyo participava também do processo de cartelização.”

Galvão Engenharia?

“Herton.”

Andrade Gutierrez?

“Inicialmente era…não lembro o nome, depois Paulo Dalmaso.

Iesa também? Lembra o nome?
“Não estou lembrando, está no depoimento do Ministério Público (Federal).”

Engevix?

“Gérson Almada.”

O juiz perguntou a Paulo Roberto Costa se o cartel das empreiteiras atuava nas outras diretorias da Petrobrás. “Sim, perfeito”, respondeu.

O juiz perguntou se ele tem conhecimento de outros diretores que recebiam valores. “Na área de serviços foi o diretor (Renato) Duque, que foi indicado na época pelo ministro da Casa Civil José Dirceu. Ele tinha essa ligação com o João Vaccari dentro desse processo do PT.”

Falou de Nestor Cerveró, então da diretoria Internacional. “O Cerveró foi indicado por um político e tinha uma ligação muito forte com o PMDB.”

O juiz perguntou se Duque e Cerveró também recebiam valores.

“Claro que sim, a resposta é sim.”

O juiz quis saber se o montante destinado aos outros diretores da Petrobrás era de 3% sobre o valor dos contratos. “Correto.”

Poucas empresas. Em seu depoimento à Justiça, Costa também afirmou que existe uma cartelização entre as grandes empresas do País para fazer obras, não só na Petrobrás, mas também de “ferrovias, portos e aeroportos”. “O Brasil fica restrito a essas poucas empresas”, afirmou.

“Quando começou essa atividade (da refinaria de Abreu e Lima), ficou claro para mim a existência desse ‘acordo prévio’ entre as companhias em relação às obras. Ou seja existia claramente, isso me foi dito por algumas empresas e presidentes de suas companhias de forma muito clara, que havia uma escolha de obras dentro da Petrobrás e fora da Petrobrás”, disse. “Por exemplo (se tem umm projeto de) usina hidrelétrica de tal lugar, nesse momento qual empresa está disponível para fazer? E essa cartelização obviamente que resulta num ‘delta preço’ excedente”, continuou.

Camargo Corrêa. No depoimento de Paulo Roberto Costa, o procurador da República que participou da audiência abordou o capítulo que ele próprio denominou expressamente de “Consórcio Nacional Camargo Corrêa” nas obras da refinaria Abreu e Lima.

“Especificamente, sobre o Consórcio Nacional Camargo Corrêa da refinaria Abreu e Lima o senhor pode mencionar que a Camargo Corrêa participou desse cartel e efetuou esses repasses?”, perguntou o representante do Ministério Público Federal.

“Sim”, declarou Paulo Roberto Costa.

O procurador questionou Costa sobre uma planilha apreendida no escritório da Costa Global Consultoria, de propriedade do ex-diretor da Petrobrás. O documento faz citação a um contrato da Costa Global com a Construtora Camargo Corrêa no valor de R$ 100 mil mensais, por 30 meses, somando R$ 3 milhões.

“Esse contrato é relativo ao recebimento de propinas?”, perguntou o procurador. “Foi um contrato que visou recebimento de propinas pelo senhor após a saída da diretoria de Abastecimento?”

“Sim. Com exceção de uma consultoria que prestei à Camargo Corrêa alguma coisa de R$ 100 mil. O restante a resposta é sim.”

O procurador quis saber se os R$ 3 milhões são oriundos apenas das obras da refinaria Abreu e Lima.
“Não posso garantir se só da Abreu e Lima. A Camargo Corrêa prestou vários outros serviços para a Petrobrás.”

09 de outubro de 2014

0 comentários: