Os trechos mais quentes da reportagem de VEJA deste fim de semana sobre
as confissões à Justiça do doleiro Alberto Youssef, um dos cabeças do
esquema de corrupção na Petrobras:
• — O Planalto sabia de tudo!
— Mas quem no Planalto? — perguntou o delegado.
— Lula e Dilma — respondeu o doleiro.
• Na semana passada ele aumentou de cerca de trinta para cinquenta o
número de políticos e autoridades que se valiam da corrupção na
Petrobras para financiar suas campanhas eleitorais. Aos investigadores
Youssef detalhou seu papel de caixa do esquema, sua rotina de visitas
aos gabinetes poderosos no Executivo e no Legislativo para tratar, em
bom português, das operações de lavagem de dinheiro sujo obtido em
transações tenebrosas na estatal. Cabia a ele expatriar e trazer de
volta o dinheiro quando os envolvidos precisassem.
• Entre as muitas outras histórias consideradas convincentes pelos
investigadores e que ajudam a determinar a alta posição do doleiro no
esquema — e, consequentemente, sua relevância para a investigação —,
estão lembranças de discussões telefônicas entre Lula e Paulo Roberto
Costa sobre a ampliação dos “serviços”, antes prestados apenas ao PP,
também em benefício do PT e do PMDB.
• “O Vaccari está enterrado”, comentou um dos interrogadores,
referindo-se ao que o doleiro já narrou sobre sua parceria com o
tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto. O doleiro se comprometeu a
mostrar documentos que comprovam pelo menos dois pagamentos a Vaccari. O
dinheiro, desviado dos cofres da Petrobras, teria sido repassado a
partir de transações simuladas entre clientes do banco clandestino de
Youssef e uma empresa de fachada criada por Vaccari.
• O doleiro preso disse que as provas desses e de outros pagamentos
estão guardadas em um arquivo com mais de 10 000 notas fiscais que serão
apresentadas por ele como evidências. Nesse tesouro do crime
organizado, segundo Youssef, está a prova de uma das revelações mais
extraordinárias prometidas por ele, sobre a qual já falou aos
investigadores: o número das contas secretas do PT que ele operava em
nome do partido em paraísos fiscais. Youssef se comprometeu a dar à PF a
localização, o número e os valores das operações que teria feito por
instrução da cúpula do PT.
• Youssef dirá que um integrante da coordenação da campanha
presidencial do PT que ele conhecia pelo nome de “Felipe” lhe telefonou
para marcar um encontro pessoal e adiantou o assunto: repatriar 20
milhões de reais que seriam usados na campanha presidencial de Dilma
Rousseff. Depois de verificar a origem do telefonema, Youssef marcou o
encontro que nunca se concretizou por ele ter se tornado hóspede da
Polícia Federal em Curitiba.
Alberto Youssef (Imagem: Aniele Nascimento / Agência de Notícias G/AE) 24/10/2014
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