No total, estão sendo cumpridos 23 mandados da Justiça Federal em São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Macaé e Niterói
Agentes procuram novas provas de sociedade entre o doleiro Youssef e ex-diretor da Petrobras
Duas pessoas tiveram prisão temporária decretada e outras seis foram levadas a depor em condução coercitiva
Adriana Mendes, Cleide Carvalho,
Tatiana Farah
e Ramona Ordoñez
O Globo
O site da empresa Ecoglobal Ambiental, com sede em Macaé (RJ) Reprodução/Internet
BRASÍLIA e SÃO PAULO - A Polícia Federal está na sede da Petrobras, no Centro do Rio, cumprindo mandado de busca e apreensão de documentos na segunda etapa da Operação Lava-Jato. A operação tem como objetivo reunir novas provas contra Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal, que seria sócio do doleiro Alberto Youssef na empresa Ecoglobal Ambiental, com sede em Macaé, no Norte Fluminense.
No total, estão sendo cumpridos nesta sexta-feira 23 mandados expedidos pela Justiça Federal: dois de prisão temporária, seis de condução coercitiva e 15 de busca e apreensão nas cidades de São Paulo (SP), Campinas (SP), Rio de Janeiro (RJ), Macaé (RJ) e Niterói (RJ).
Entre os quatro conduzidos a depor está, de acordo com as investigações, um pessoa que atuaria como laranja do doleiro e do ex-diretor da Petrobras no comando da Ecoglobal.
A Ecoglobal fechou dois contratos com a Petrobrás, no total de R$ 14,3 milhões, nos anos de 2010 e 2011. Os dois foram firmados sem licitação, na modalidade de carta convite ou convite. O primeiro, no valor de R$ 9,524 milhões, com vigência entre abril de 2009 e agosto de 2011, foi para serviços de recuperação de efluentes. O segundo, assinado em janeiro de 2010 com validade até fevereiro de 2011, foi de R$ 4,795 milhões.
Os documentos apreendidos pela PF devem ajudar ainda na investigação de outros negócios de Youssef, ligados à Labogen, empresa que chegou a fechar contrato com o Ministério da Saúde. Segundo a PF, o objetivo é buscar documentos que auxiliem os trabalhos da investigação.
"O material contribuirá para os relatórios finais dos inquéritos em andamento", diz nota da PF.
A investigação do esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolve quatro doleiros, que teriam movimentado de forma atípica aproximadamente R$ 10 bilhões nos últimos anos, conforme cálculos do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), uma das bases da chamada da investigação.pela PF, a operação prendeu 24 pessoas acusadas de participar do esquema oriundos de desvio de dinheiro público, tráfico de drogas e contrabando de pedras preciosas. Um dos presos é Enivaldo Quadrado, ex-sócio da corretora Bônus-Banval, já condenado por envolvimento no escândalo do mensalão a cumprir penas alternativas. Quadrado foi preso em Assis, no interior de São Paulo.
A Operação Lava-Jato é consequência da prisão do empresário André Santos, em dezembro de 2013, com US$ 289 mil e R$ 13.950 escondido nas meias. Santos é réu em ação na qual é acusado de fazer parte do braço financeiro de uma quadrilha de libaneses especializada em contrabandear produtos do Paraguai, operando um esquema de lavagem. Entre os presos está o doleiro Alberto Youssef, de Londrina, que foi detido em um hotel no Maranhão. Youssef foi sócio do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Segundo a PF, o hotel Blue Tree, em Londrina, que pertence ao doleiro, foi sequestrado pela Justiça. O estabelecimento continua funcionando normalmente.
Na primeira etapa, 400 policiais foram destacados para cumprir as prisões e também 81 mandados de busca e apreensão em 17 cidades, em seis estados: Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Rio, além do Distrito Federal. Entre os bens apreendidos, estava um cofre repleto de cédulas de reais e dólares.
Ecoglobal diz que venceu licitações
Em nota, a Ecoglobal afirma "que possui contratos firmados com a Petróleo Brasileiro S/A - PETROBRÁS desde 2006, sendo que todos os instrumentos contratuais foram vencidos em processos licitatórios".
A empresa também diz que as informações sobre os procedimentos estão disponíveis para quem se "interessar".
"Finalmente informa que jamais seus proprietários e ou seus executivos tiveram qualquer tipo de ligação ou mesmo contato com os Srs Youssef e ou Paulo Roberto da Costa sendo portanto infundadas qualquer noticia que ligue a Ecoglobal a estes senhores".
11/04/14
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