Por Fernando Gabeira
Lula afirmou que ele se deixou morrer e que não mediou o caso porque nenhum pedido foi protocolado no Planalto. Um absurdo esperar que prisioneiros morrendo em greve de fome, protocolem pedidos.
O mais absurdo é a defesa do presidente de sua “alma solidária”.
Na entrevista, concedida em Havana, algumas horas depois do encontro com Fidel Castro, Lula afirmou que já intercedeu para acabar com a greve de fome dos sequestradores de Abílio Diniz.
E intercedeu ligando para o presidente Fernando Henrique com o argumento de que FHC não poderia manchar sua biografia com a morte daqueles prisioneiros.
Implicitamente, admite que Fidel e Raul mancharam suas biografias com a morte de Orlando Zapata.
Lula jamais chegaria a esta conclusão.
O erro de Zapata foi não tê-lo procurado adequadamente. A morte dos sequestradores de Abílio Diniz manchariam a biografia de Fernando Henrique, mas as de Fidel e Raul são inatingíveis porque a morte de um prisioneiro de consciência não tem esse poder.
Vidas humanas diferentes, valores diferentes na opinião de Lula.
Sequestradores de Diniz ao morrer deixariam um rastro de vergonha sobre o governo brasileiro; um prisioneiro de consciência ao morrer em Cuba deixa um rastro de vergonha sobre sua própria biografia.
Orlando Zapata resistiu 62 dias.
Foi assassinado pela insensibilidade do regime cubano.
Este Brasil em nome do qual Lula falou em Cuba não é o país com que me identifico.
Ele ganhou as eleições é verdade mas não para fazer uma política externa de partido, no caso o PT, mas fazer uma política externa em nome de todos os brasileiros.
Os que, realmente, consideram os direitos humanos uma luta sem fronteiras ideológicas sentem-se envergonhados com a posição de Lula.
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