Em novas diligências, investigadores da Lava Jato encontraram 132 presentes recebidos por Lula no governo, como obras de arte, moedas e adagas
THIAGO BRONZATTO E FILIPE COUTINHO, COM TALITA FERNANDES
Revista Época
O ex-presidente Lula durante coletiva de imprensa na sexta-feira, dia 4, após ação da PF na Operação Aletheia
(Foto: EFE/LEO BARRILARI)
A Polícia Federal identificou o cofre em nome da família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em novas diligências secretas realizadas ao longo desta semana. Dessa vez, o alvo foram presentes e joias raras recebidos por Lula durante encontros oficiais com chefes de estado. Os bens estão guardados em 23 caixas lacradas numa agência do Banco do Brasil, localizada no centro de São Paulo, desde 21 de janeiro de 2011, mês em que Lula deixou o governo.
O pedido da nova busca e apreensão ocorreu após os policiais encontrarem na residência do ex-presidente em São Bernardo do Campo, grande São Paulo, um documento intitulado “Termo de Transferência de Responsabilidade (Custódia de 23 caixas lacradas)", datado de 19 de março de 2012. No material, consta a informação de que os bens estão sob a guarda da mulher de Lula, Marisa Letícia Lula da Silva, e de seu filho Fábio Luis Lula da Silva, conhecido como Lulinha. Entre os responsáveis pela entrega dos presentes na agência está Rogério Aurélio Pimentel, assessor especial do ex-presidente, apontado como suspeito de ter bancado despesas da reforma do sítio em Atibaia, São Paulo, frequentado ao menos 111 vezes por Lula.
Entre os 132 objetos encontrados, classificados como joias e obras de arte, estão medalhas, moedas, comendas, espadas, adagas, escultura, entre outras peças que Lula ganhou durante o seu governo em missões oficiais em diversos países, do Chile à Ucrânia. A PF precisou de dois dias para analisar todo o acervo. Desde janeiro de 2011 até hoje, “o material não foi movimentado ou alterado”. De acordo com o relatório da PF, o gerente da agência do BB, Sérgio Ueda, disse que “não há custo de armazenagem para o responsável pelo material”.
Uma boa parte dos pertences de Lula retirados do Palácio do Planalto, do Palácio do Alvorada e da Granja do Torto estava armazenada em 10 contêineres em Barueri, na grande São Paulo. A despesa da custódia, orçada em R$ 1,2 milhão, foi bancada pela construtora OAS, envolvida no escândalo do Petrolão, segundo revelou a PF na 24ª fase da Lava Jato.
No último dia 9 de março, o Senado aprovou um requerimento para pedir ao Tribunal de Contas da União (TCU) que realize uma auditoria para apurar possíveis desvios ou desaparecimento de bens dos palácios do Planalto e da Alvorada.
Porta de cofre da agência do Banco do Brasil do centro de SP
(Foto: Reprodução)
Material apreendido em sala-cofre do Banco do Brasil
(Foto: Reprodução)
Espada guardada em sala-cofre da agência do Banco do Brasil do centro de SP
(Foto: Reprodução)
11/03/2016
0 comentários:
Postar um comentário