Operação investiga offshore dona de triplex vizinho ao reservado a Lula pela OAS
Por Cleide Carvalho*, enviada especial
e Renato Onofre
O Globo
Agentes da Polícia Federal durante a 7ª fase da Operação Lava-Jato - Divulgação - 14/11/2014
CURITIBA e SÃO PAULO - A Polícia Federal realiza nesta quarta-feira a 22ª etapa da Operação Lava-Jato, chamada de Triplo X. Estão sendo cumpridos 23 mandados judiciais: seis de prisão temporária (com cinco dias de validade), 15 de busca e apreensão e dois de condução coercitiva. Uma publicitária foi presa, além de pessoas que seriam usadas como laranjas e pequenos operadores no esquema. Os mandados aconteceram na manhã desta quarta-feira nas cidades de São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo e em Joaçaba (Santa Catarina). O alvo da investigação são obras da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), cooperativa dos bancários que foi presidida pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. A cooperativa ficou insolvente e as obras foram concluídas pela construtora OAS. Um dos prédios, o edifício Solaris, no Guarujá, abriga um apartamento que segue em nome da OAS, mas teria sido reservado ao ex-presidente Lula, tendo inclusive sido reformado a pedido de Marisa Letícia, conforme mostraram reportagens do GLOBO.
O foco desta 22ª fase, no entanto, é uma empresa offshore chamada Murray, sediada no Panamá, que é dona de um triplex no mesmo condomínio do Guarujá, que tem duas torres e está localizado na praia de Astúrias, no Guarujá. Fontes da Lava-Jato revelaram ao GLOBO que o apartamento que seria reservado a Lula não é alvo desta operação. Mas, em coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima admitiu que todos os apartamentos do Solaris estão sendo investigados, incluindo o triplex ligado a Lula.
Esta fase apura a existência de estrutura criminosa, segundo a PF, destinada a oferecer a investigados da operação a abertura de empresas off-shores e contas no exterior para ocultar dinheiro desviado em corrupção, “notadamente recursos oriundos de delitos praticados no âmbito da Petrobras”. A nova fase investiga se a empreiteira OAS lavou dinheiro por meio de negócios imobiliários para favorecer o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que está preso desde abril de 2015.
Na operação desta quarta, um dos objetivos é identificar quem é o beneficiário da holding. O endereço da Murray, nos Estados Unidos, já foi usado por outras offshores investigadas pela Polícia Federal na Operação Ararath, que apura lavagem de dinheiro. A publicitária presa se chama Nelci Warken, que já prestou serviços na área de marketing para a Bancoop. A suspeita é a de que ela tenha ligação com a offshore. Além dela, foram presos: Ricardo Onório Neto e Renata Pereira Brito. Eliana Pinheiro de Freitas e Rodrigo Andres Uesta Hernandez foram presos coercitivamente e estão prestando depoimento em São Paulo. Luiz Fernando Hernandez Ribeiro não foi localizado. Dois que têm mandados de prisão estão no exterior: Maria Mercedez Quijano e Ademir Auada devem ser detidos quando voltarem ao Brasil. A Força-Tarefa ainda não detalhou a participação dessas pessoas no esquema.
A intenção da PF é saber quem é o real dono do tríplex em nome da oofshore. Ela foi aberta por um escritório chamado Mossak, com sede no Panamá. Esse escritório tem uma representação na Avenida Paulista, que foi alvo da operação de hoje.
Serão apurados crimes de corrupção, fraude, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Participam desta fase 80 policiais. Os presos serão levados para a Superintendência da PF em Curitiba, Paraná.
27/01/2016
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