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terça-feira, 9 de setembro de 2014

Coordenador da campanha de Dilma era colega de diretoria do delator do 'petrolão'


Ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto foi presidente da Petrobras Biocombustível e teve nome citado na agenda de delator


Laryssa Borges, de Brasília
VEJA.com
LAÇOS – Miguel Rossetto, ministro do Desenvolvimento Agrário, tirou férias do governo para atuar na coordenação da campanha de Dilma
(José Cruz/Agência Brasil)

Instalado pessoalmente pela presidente Dilma Rousseff na coordenação da campanha à reeleição, o petista Miguel Rossetto tinha o nome e o telefone celular anotados numa agenda apreendida pela Polícia Federal que pertencia ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que aceitou uma delação premiada para narrar como funcionava e quais políticos e partidos se beneficiaram do esquema de desvios de recursos da estatal. Os primeiros nomes foram revelados na edição desta semana de VEJA.

Hoje ministro do Desenvolvimento Agrário, cargo do qual estará afastado nos próximos trinta dias – ele tirou férias para atuar na campanha –, Rossetto sentava à mesa com Paulo Roberto nas reuniões de diretoria da Petrobras quando ocupava o posto de presidente da Petrobras Biocombustível (PetBio). Segundo o jornal Folha de S.Paulo, as anotações se referem aos anos de 2012 e 2013. Questionado, Rossetto disse que mantinha apenas “relação de trabalho” com o operador do “petrolão”.

Na gestão de Rossetto, a subsidiária de biocombustíveis pagou, em 2009, 55 milhões de reais pela compra de metade da unidade da BSBios na cidade de Marialva, no Paraná, num negócio investigado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) pela supervalorização de 297,3%. Dois meses antes, a BSBios havia comprado 100% desta mesma unidade por 37 milhões de reais. Dois anos depois, em 2011, também sob o comando de Rossetto, uma nova operação controversa: a Biocombistível desembolsou 200 milhões de reais por metade da refinaria de biocombustível de Passo Fundo (RS). O Tribunal de Contas da União investiga se houve sobrepreço nas duas compras – nas palavras dos próprios ministros da corte, podem ser consideradas "mini-Pasadenas".

Em 2009, poucos meses após ter assumido a presidência da Petrobras Biocombustível, foram reveladas suspeitas de uso político de convênios do programa de biocombustível da empresa para favorecer cooperativas agrícolas ligadas ao Movimento dos Sem-Terra (MST) e à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).

Ex-vice-governador do Rio Grande do Sul na gestão Olívio Dutra (PT), Miguel Rossetto também enfrentou denúncias de que a antiga sede do PT gaúcho foi financiada com dinheiro de caixa dois. A suspeita veio à tona em 2001, durante o governo Dutra, e foi investigada na CPI da Segurança Pública, na Assembleia Legislativa do Estado. Sete anos depois, o caso voltou novamente à tona – desta vez a revelação de caixa dois na sede do PT foi feita mensaleiro José Dirceu, condenado por comandar o mensalão.

Questionada nesta segunda-feira sobre se a chegada de Rossetto representava mudanças na campanha depois das revelações feitas por VEJA, Dilma afirmou: "Ele é uma pessoa de altíssima qualidade. É muito próximo a mim".

Ed Ferreira/Estadão Conteúdo

MEMÓRIA – O diretor do Grupo Ultra, Pedro Wongtschowski, o presidente do Grupo Ultra, Paulo Cunha, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa (de camisa azul, ao centro), o ex-presidente da Petrobrás Sérgio Gabrielli, a então ministra da Casa Civil Dilma Roussef, e o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião sobre o projeto do complexo petroquímico do Rio de Janeiro, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF) - 28/03/2006

09/09/2014


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