Preso há duas semanas, ex-cartola deve entregar passaporte e está proibido de manter contato com diretores do Comitê Rio-2016 e do COB
O presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, é preso no Leblon na zona sul, no Rio de Janeiro - 05/10/2017 (Bruno Kelly/Reuters)
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) acolheu nesta quinta-feira um habeas corpus da defesa do ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) Carlos Arthur Nuzman e trocou a prisão preventiva dele por medidas cautelares, ou seja, alternativas ao encarceramento. Nuzman é investigado na Operação Unfair Play sob a suspeita de ter participado de um esquema de compra de votos na eleição do Rio de Janeiro a sede das Olimpíadas de 2016.
A decisão da Sexta Turma do STJ, liminar, foi tomada de forma unânime pelos quatro ministros que participaram da votação. Apenas o ministro Antonio Saldanha não votou, por se declarar impedido.
Como medidas alternativas à prisão preventiva, os magistrados impuseram a Carlos Nuzman a obrigação de comparecer periodicamente diante de um juiz, entregar os passaportes e suspender as atividades dele no COB e no Comitê Rio-2016. O dirigente renunciou à presidência da instituição na semana passada. Nuzman também está proibido de acessar as dependências do comitê olímpico e do comitê organizador dos Jogos do Rio de Janeiro, de contatar outros investigados e de se ausentar da comarca onde mora.
Denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Unfair Play, Carlos Nuzman está preso desde o início de outubro. Ele e o ex-diretor de marketing e operações do COB Leonardo Gryner são apontados pelas investigações da Lava Jato no Rio como intermediários do pagamento de 2 milhões de dólares o presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês), Lamine Diack, e o filho dele, Papa Massata Diack.
Em troca do dinheiro, Diack votaria pela escolha do Rio como sede olímpica e ainda influenciaria outros membros africanos do Comitê Olímpico Internacional (COI) a fazerem o mesmo.
Conforme os procuradores do MPF, o pagamento a Papa Diack no exterior foi feito por Arthur Soares, cujas empresas chegaram a ter 3 bilhões de reais em contratos com o governo do Rio de Janeiro durante a gestão de Sérgio Cabral. Também alvo da Unfair Play, “Rei Arthur” vive em Miami e é considerado foragido pelas autoridades brasileiras.
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