Por O EDITOR
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Para o cientista político Fábio Ostermann, empate técnico veio muito antes do que ele imaginava; diretor da Nomura Securities vê Aécio crescer nos próprios tropeços de Dilma.
O cenário que se desenhou nas últimas duas pesquisas Datafolha e Sensus não apresentou boas notícias para Dilma Rousseff. Apesar de, no primeiro turno, ela e seus adversários ainda apresentarem movimentos dentro da intenção de voto, quando colocado num cenário de segundo turno a diferença entre a presidente atual e os seus principais adversários caiu drasticamente.
O Datafolha mostra bem essa dinâmica: se em fevereiro a simulação do 2º turno colocava Dilma com 54% das intenções de voto contra 27% de Aécio Neves (PSDB), na pesquisa divulgada semana passada esse placar mudou para 44% x 40% - considerando a margem de erro de dois pontos percentuais, caracteriza-se como um "empate técnico".
No cenário contra Campos, Dilma aparece com 45% ante 38% do governador pernambucano, enquanto o número era de 55% contra 23% em fevereiro. O quadro se repetiu no Sensus divulgado no final de semana, que apontou empate técnico entre Dilma e Aécio por 36,3% a 36,2% no segundo turno.
Fábio Ostermann, cientista político pela norte-americana Universidade de Georgetown e pela alemã International Academy for Leadership, afirmou que o empate técnico do segundo turno veio muito antes do que ele imaginava, porque o candidato do PSDB ainda é desconhecido por quase 25% do eleitorado. “A força de Aécio vem ainda sendo intensificada pela incapacidade de Eduardo Campos, o outro candidato da oposição, que segue preso na mesma taxa de intenção de voto no primeiro turno de um ano atrás", diz Ostermann, ressaltando que Campos está quase empatado com o Pastor Everaldo (PSC), levando em conta a margem de erro.
Já para o diretor executivo e chefe de pesquisas para mercados emergentes das Américas na Nomura Securities, Tony Volpon, Aécio é favorito dada a incapacidade de Dilma de dar uma sinalização aos agentes econômicos. E isso contribui para a piora dos cenários econômicos, um dos grandes motivos para a maior rejeição da atual presidente. Segundo modelo da Nomura, Dilma tem 60% de chances de perder as eleições para qualquer adversário, e no seu cenário político o tucano é o favorito. "Acho que a nova pesquisa Datafolha vai em linha com a nossa visão", afirma Volpon em entrevista ao *InfoMoney*.
Para Ostermann, só um fato muito catastrófico mudaria o fato que vai ter um segundo turno entre a atual presidente, Dilma Rousseff, e Aécio Neves. Em relação ao resultado final das eleições, o Aécio está caminhando para confirmar o favoritismo, mas o cenário ainda é incerto, pois a candidata do PT tem mais que o dobro do tempo de televisão. “No entanto, por conta da força das redes sociais, o impacto do tempo de televisão vai diminuir muito em relação às eleições passadas, afinal, as pessoas não procuram mais esse tipo de informação na TV sendo que já é bombardeada diariamente por esse assunto na internet todos os dias”, explicou o cientista.
Dilma tá mal? Devia estar pior
Por isso, tanto para a Nomura quanto para Ostermann, a presidente deveria estar ainda pior nas pesquisas. “Ela está levando uma surra que ainda não está totalmente refletida no resultado das pesquisas, pois, se estivesse, ela já estaria perdendo do Aécio”, disse Ostermann.
Para o cientista político, também tem que ser levado em consideração o fato de que faz quatro anos que a Dilma está em campanha, enquanto o Aécio começou para valer duas semanas atrás. Para ele, como boa parte do eleitorado brasileiro não faz sinapses aprofundadas na hora de decidir o voto, mas sim faz sua escolha baseada no reconhecimento de quem já está lá, isso tenderia a prejudicar a oposição. Contudo, hoje existe uma sensação generalizada de que o governo atual não é bom, e por isso a queda de aprovação de seu governo é consistente, com desgaste mesmo dentro do seu eleitorado, afirma Ostermann.
“Essa é a maior oportunidade da oposição dada pelo PT nos últimos 12 anos. Isso vai quebrar o que é muito difícil de ser quebrado no Brasil, que é o favoritismo de quem está no poder”, concluiu o cientista.
Após a pesquisa Sensus, que mostrou uma distância mínima entre Dilma e Aécio, o diretor da Sensus, Ricardo Guedes, destacou ainda a avaliação positiva do governo Dilma Rousseff, que recuou de 34,2% em junho para 32,4% agora.
Segundo Guedes, este patamar de aprovação torna muito difícil a reeleição de Dilma. Outro ponto de preocupação da candidatura Dilma é o seu elevado nível de rejeição junto aos eleitores: 42,4%.
21 de julho de 2014
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