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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Se Lula não é candidato ao Planalto, Datafolha não deveria ter feito simulação com o nome do petista


Corpo estranho


Há algo errado nas coxias do Partido dos Trabalhadores. No último dia 3 de maio, em São Paulo, durante o XIV Encontro Nacional do PT, o ex-presidente e agora lobista Lula disse diante de plateia petista que a única candidata à Presidência pelo partido era Dilma Rousseff.

A declaração, nada convincente, serviu para estancar momentaneamente o movimento “Volta Lula”, que saiu dos domínios petistas e conquistou alguns partidos da chamada base aliada.

Manda o bom senso que uma declaração como a de Lula, feita diante de Dilma e muitos integrantes da cúpula partidária, deve ser levada a sério. Acontece que o prazo de validade da declaração do ex-metalúrgico era curto e a cantilena retomou a cena política. É fato que isso não aconteceu na seara política, propriamente dita, mas na mais recente pesquisa Datafolha sobre a sucessão presidencial.

Em uma das simulações sobre quem venceria a corrida presidencial, o instituto inseriu Lula como sendo o candidato do PT, no lugar de Dilma. Ora, se o ex-presidente descartou oficialmente qualquer possibilidade de retorno ao palácio do Planalto, não havia motivo para o Datafolha colher a opinião dos eleitores sobre um cenário alternativo.

Que Lula trabalha diuturnamente contra a reeleição de Dilma Rousseff todos sabem, mesmo depois da recente declaração negando o fato, mas essa novidade na pesquisa do Datafolha tem duas interpretações: ou o ex-presidente continua de olho no principal gabinete do Palácio do Planalto ou o instituto de pesquisa abusou do non sense.

De uma forma ou de outra, a inserção do nome de Lula em um dos cenários da pesquisa foi um ato de deselegância com Dilma e um sonoro desrespeito à democracia, uma vez que as outras pré-candidaturas já estão definidas. O máximo que se pode concluir é que o PT fomentará esse jogo duplo por mais algumas semanas, sendo que ao final pedirá à sua militância que despeje voto em Dilma.

Até 30 de junho, quando a candidatura petista será oficializada, o Partido dos Trabalhadores poderá manter essa estratégia rasteira e covarde, em Lula aparece como vilão e Dilma faz o papel de vítima.

Lula sabe que a essa altura, com a economia descontrolada e os escândalos de corrupção brotando aqui e acolá, assumir o lugar de Dilma na corrida presidencial seria um enorme tiro no pé, pois nem mesmo seus discursos embusteiros seriam capazes de driblar os efeitos colaterais da crise.
                          
                         12.05.2014



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