Por Reinaldo Azevedo
É impressionante a facilidade com que os descalabros havidos na Petrobras, como posso dizer?, saem do eixo, deslocando-se para lateralidades, falsas questões, guerras de versões.
Não se enganem: há, por trás disso, os chamados “gerenciadores de crise”.
São profissionais especializados em plantar versões na imprensa.
Atenção! Eu recorri à palavra “versões”, não “mentiras”.
Nesse contexto, a “versão” rearranja as verdades para inventar uma narrativa que não aconteceu, mas que é favorável a quem contratou o serviço.
No post anterior, vocês leem uma reportagem de Daniel Haidar, publicada na VEJA.com.
Ali se informa que Edson Ribeiro, advogado de Nestor Cerveró — que Dilma Rousseff considera o responsável pelo memorial técnico omisso, que resultou na compra da refinaria de Pasadena —, afirma não ter provas de que a documentação sobre a operação tenha chegado ao Conselho de Administração com 15 dias de antecedência.
Segundo diz, fez essa afirmação porque é praxe em casos assim.
Eis aí. É mesmo a praxe. Ocorre que, no caso de Pasadena, houve uma exceção: a diretoria tomou a decisão no dia 2 de fevereiro de 2006 e já mandou para a consulta do conselho no dia 3. Pois é. É importante não perder o eixo na guerra de versões.
Vamos lá.1: José Sérgio Gabrielli, homem de Lula na Petrobras, é presidente da empresa. Já está demonstrado que ele sabia de tudo, de cada item do acordo. Participou de reuniões para decidir a compra da empresa. Ele não era um conselheiro como os outros.
2: Igualmente evidente é que a direção executiva da Petrobras também sabia de tudo. Ou vocês acham que Nestor Cerveró atuava ao arrepio dos seus pares, Gabrielli especialmente?
3: Gabrielli, então, bateu os olhos num resumo executivo incompetente e permitiu que os demais conselheiros decidissem no escuro?
4: Dilma também não era uma conselheira comum. Era a czarina da infraestrutura e a Senhora dos Raios do setor energético. Aliás, foi a sua fama de sabichona na área que a catapultou para a Casa Civil, quando José Dirceu caiu em desgraça. A área era considerada estratégica.
5: Dilma, sim, como presidente do conselho, contava com uma equipe técnica para assessorá-la. A questão é saber por que não recorreu a ela.
6: Assim, não havia como Gabrielli não saber; não havia como a direção da Petrobras não saber e, considerando que a empresa virou uma extensão do quintal petista, parece-me evidente que não havia como Dilma não saber, sendo quem era — ainda que, oficialmente, tenha recebido, como os outros, um resumo executivo maquiado, para decidir a toque de caixa.
7: Não bastasse isso, há o que veio depois. Dilma, COMO MINISTRA DA CASA CIVIL E PRESIDENTE DO CONSELHO, ficou sabendo das tais cláusulas “Marlim” e “Put Option” pouco depois. Fez o quê? A resposta é escandalosamente óbvia: NADA!
8: Não só não fez como permitiu que Nestor Cerveró assumisse, na sua gestão, um dos cargos mais ambicionados do país: diretor financeiro da BR Distribuidora.
9: No seu pronunciamento de rádio, Guido Mantega, atual presidente do conselho da Petrobras, defendeu a operação e tentou dividir a responsabilidade com os conselheiros da Petrobras. Pois é: a) nem Dilma tem coragem de assumir essa posição; b) o ministro tenta usar o conselho para diluir responsabilidades.
10: O que se fez nessa operação, definitivamente, não é coisa de amadores, não.
Síntese:
a: José Sérgio Gabrielli, desde sempre, sabia de tudo;
b: Dilma, sendo quem era no governo, tinha como saber de tudo;
c: na hipótese de, como conselheira, ter sido também ludibriada, não tardou para que, como ministra, tivesse em mãos as informações necessárias para agir e não agiu;
d: abrigou Cerveró, o pai do resumo executivo, na BR Distribuidora.
11: E finalmente: José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, o que sempre soube de tudo, não era e nunca foi ele próprio.
Gabrielli sempre foi Lula.
Gabrielli sempre foi PT.03/04/2014
quinta-feira, 3 de abril de 2014
Lambança na Petrobras: para não perder o foco
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CPI da Petrobras
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