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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Tumultos do “Inverno Árabe” se espalham; abriu-se a Caixa de Pandora




 Manifestantes invadem embaixada dos EUA no Iêmen (Foto: Mohamed al-Sayaghi/Reuters)

“Inverno Árabe”

                                 Por Reinaldo Azevedo

O texto abaixo está na VEJA.com, com informações das agências France-Presse e EFE. Nesta noite ou nesta madrugada, voltarei ao assunto. Publiquei na manhã desta quinta um post sobre o que chamo desde abril do ano passado de “Inverno Árabe”, referindo-me à expansão de várias modalidades de fundamentalismo, sob o manto de uma dita “primavera”.

Não caiam na conversa de que tudo isso foi motivado por um “filme”, sobre os quais se têm informações obscuras. Os israelenses e os judeus, claro!, são apontados como os suspeitos de sempre. O filme é mero pretexto. Não por acaso, as “revoltas” tiveram início num… 11 de setembro, dia em que o embaixador americano na Líbia foi assassinado.

Ao apoiar a “Primavera Árabe”, os EUA abriram a Caixa de Pandora. Como no mito, só a esperança ficou presa ao fundo.
*
Dois dias após o embaixador dos Estados Unidos ser morto na Líbia como resultado de uma revolta causada contra um filme anti-islamita americano, a onda de revolta atinge cada vez mais países islâmicos. Na sede diplomática americana em Sanaa, capital do Iêmen, confronto entre policiais e manifestantes deixou pelo menos um morto e diversos feridos. Além do Egito, onde os protestos continuam, há registro de distúrbios no Irã e no Iraque. Postos diplomáticos em outros países estão em alerta.

No Cairo, os protestos foram promovidos pelo segundo dia seguido. Uma manifestação diante da embaixada dos Estados Unidos resultou em confronto entre policiais e manifestantes. A população respondeu às tentativas das forças de segurança de dispersar o grupo atirando pedras, garrafas e coquetéis molotov contra os oficiais. Dados das autoridades locais apontam que pelo menos 13 pessoas ficaram feridas.

O presidente do Egito, Mohammed Mursi, disse nesta quinta-feira que condena qualquer difamação ao profeta Maomé, mas assegurou que fará o necessário para garantir a segurança das embaixadas e dos turistas estrangeiros em seu país, afirmando também que o povo egípcio é “civilizado e rejeita tais atos ilícitos”.


Mursi disse que, em conversa por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu o fim deste tipo de comportamento ofensivo ao Isão. Segundo ele, o mandatário americano assegurou que as ações são obra de uma “minoria” que não representa a nação.


Iêmen
Em Sanaa, centenas de manifestantes revoltados com a representação de Maomé como um aproveitador mulherengo que abusava de crianças e incitava matanças no filmeInnocence of Muslims (A Inocência dos Muçulmanos) conseguiram entrar na embaixada americana, mas foram dispersados pela polícia, que fez disparos para o alto e lançou jatos d’água para afastar o grupo. Fontes apontam que os invasores gritavam palavras em defesa de Maomé e tinham como objetivo atear fogo em alguns automóveis estacionados no local. Uma testemunha citada pelo The New York Times disse que a bandeira americana foi queimada, sendo substituída pela iemenita. O número de pessoas feridas não foi revelado.

O porta-voz da representação diplomática do Iêmen em Washington, Mohammed Albasha, disse que seu governo condena o ataque e que irá “honrar as obrigações internacionais para assegurar a segurança dos diplomatas”.

Irã
Em Teerã, quase 500 pessoas participaram de um protesto perto da embaixada da Suíça – que representa os interesses dos Estados Unidos no Irã – contra o filme. Mais de 200 policiais e bombeiros conseguiram impedir a aproximação dos manifestantes da sede diplomática. Os funcionários diplomáticos foram retirados do local por precaução. Os manifestantes gritavam frases como “Morte aos Estados Unidos” e “Morte a Israel”.


Iraque
No Iraque, centenas de simpatizantes do radical xiita Moqtada al-Sadr, que comanda uma milícia que combate a presença americana no país, protestaram na cidade de Najaf, a cerca de 150 quilômetros da capital Bagdá. Assim como em Teerã, eles gritavam frase de ódio contra o filme, os Estados Unidos e Israel. Najaf, uma das principais localidades sagradas dos xiitas, abriga o mausoléu de Ali, figura central desta corrente religiosa.

Em razão dos protestos, Obama já havia declarado, na quarta-feira, que os Estados Unidos irão elevar imediatamente a segurança de seus diplomatas em todo o mundo.

“Eu ordenei à minha administração que forneça todos os recursos necessários para apoiar a segurança de nossos funcionários na Líbia, e para aumentar a segurança de nossos postos diplomáticos em todo o planeta.” Outros postos diplomáticos ao redor do mundo declararam alerta recentemente, como Armênia, Burundi, Kuwait, Filipinas, Sudão, Tunísia e Zâmbia.

YouTube
O governo da Indonésia, país de maior população muçulmana do planeta, solicitou nesta quinta-feira ao site YouTube o bloqueio do filme que provocou manifestações de violência contra americanos no mundo muçulmano.


“Este filme é, sem dúvida alguma, um insulto para uma religião e provocou indignação entre os muçulmanos da Indonésia”, disse o porta-voz do ministério da Informação e Comunicações, Gatot Dewa Broto.

O governo do Paquistão bloqueou o acesso ao site ontem para evitar uma onda de protestos no país onde uma grande porcentagem da população segue a religião de uma forma extremista.

O filme
Innocence of Muslimssegundo as primeiras informações, teria sido produzido no sul da Califórnia – financiado com doações de judeus – por uma americano de origem israelense, identificado pelo Wall Street Journal como Sam Bacile. A obra provocou manifestações de repúdio em vários países após representar o profeta Maomé como um trapaceiro sem caráter e com fortes instintos sexuais. Para o islamismo, qualquer frepresentação do profeta Maomé é considerada uma forma de pecado, passível de altas punições dependendo do país onde a religião é praticada.

As revoltas tiveram início no Egito e na Líbia, onde o diplomata Christopher Stevens e dos outros três americanos morreram em um ataque ao consulado do país na cidade de Bengasi.


O governo líbio reconheceu que perdeu o controle da situação. Segundo o vice-ministro do Interior, Wanis al Sharf, as forças de segurança líbias foram incapazes de interromper os manifestantes que atacaram o consulado.




13/09/2012

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