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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Presidente Dilma, levante e governe! Já passou da hora!




Ou: Incompetência e imprudência


A presidente Dilma Rousseff, a Cleópatra do Paranoá, ficou mal-acostumada com o jornalismo dos Crodoaldos Valérios, que a cobrem de elogios muito especialmente por sua enorme capacidade de não fazer nada, de manter tudo mais ou menos como está para ver como é que fica.



Não vai aqui juízo severo demais ou excessivamente generalista.
 

Dilma teve de demitir sete ministros de estado sob suspeita de corrupção.

Sim, aplausos a ela que os demitiu!

Mas, se for o caso, vaias a ela, que os nomeou!


Ou esse detalhe há de passar despercebido para que a vocação para o elogio não se deixe contaminar pela realidade?

Chamo a atenção para este fato porque Dilma no papel de ombudsman do governo Dilma, como tenho apontado, pode seduzir os mordomos subservientes e fiéis, mas tem lá seus limites, não?

Essa absurda mobilização de Polícias Militares, que lança na insegurança milhões de brasileiros, está dizendo com todas as letras: “Presidente Dilma, levante e governe! Já passou da hora”.

Volto a esse ponto depois de algumas outras considerações.

Dilma cresceu uma média de dez pontos na aceitação popular no curso das sete demissões — “Ah, essa resolve!” O jornalismo especializado em fazer perfis (ai, que preguicinha!) não cansa de exaltar a mulher austera, que dá broncas em público, que quer monitorar tudo online, que não aceita respostas enroladas…

Sei, Dilma não aceitaria como ministra a Dilma que cuidava dos aeroportos, que cuidava da transposição do São Francisco, que cuidava das estradas, que cuidava das obras da Copa…

A presidente, em suma, sempre foi craque em criar a fama de que era craque.

É o Dadá Maravilha da política, só quem sem o humor.

Então não vimos a soberana num canteiro de obras da transposição do São Francisco, em Pernambuco, a dar pitos nas empresas privadas e, se vocês perceberam bem, até no Exército?

Todo mundo parecia culpado pelo atraso, menos o dono da obra — e o dono da obra é o governo.

É o governo Dilma.

Antes dela, era o governo Lula, sob a supervisão de… Dilma!!!

Vejo, um tanto escandalizado, até o caso da Casa da Moeda se descolar da presidente.

Que há algo de muito errado por ali, não se duvide. Mais uma vez, Dilma está brava porque o ministro Guido Mantega não a teria informado o suficiente da real situação do tal senhor que tinha uma empresa no exterior que movimentava fortunas.

As casas do “Minha Casa Minha Vida” são muito engaçadas porque não têm teto, não têm nada, e não se pode fazer xixi ali…

Tudo empacado no trocadilho.

Das quase 1.700 creches prometidas para 2011, não houve uma só, uma miserável, que saísse do papel. Se a popularidade, no entanto, cresceu dez pontos porque “essa resolve”, então que tudo siga como está.

Um dia essa tática daria com os burros n’água. E deu! Deu porque, imprudente, essa gente decidiu se comportar como vivandeira, dando piscadelas na porta de quartel e insuflando os espíritos de homens armados.

Tudo começou com o Apedeuta lá no Distrito Federal, como já demonstrei aqui, teve seqüência com a PEC 300 e ganhou fôlego na campanha eleitoral de… Dilma Rousseff!

Sim, sua campanha sugeriu que, com ela, a tal proposta que iguala os salários dos policiais militares e bombeiros do Brasil ao que se paga no Distrito Federal seria aprovada.
 

PROCUREM NA INTERNET. UM DOS INTERLOCUTORES COM AS LIDERANÇAS DAS POLÍCIAS FOI NINGUÉM MENOS DO QUE MICHEL TEMER. E não duvidem: se a proposta for votada no Congresso, será aprovada.

Só que abriria um rombo brutal no caixa dos estados, que seria repassado para a União. E, então, SEGUINDO A TÁTICA DE NÃO GOVERNAR, DE EMPURRAR COM A BARRIGA, a Rigorosa do Chapadão mandou que a base aliada fosse empurrando a coisa com a barriga. A insatisfação dos quartéis foi crescendo, crescendo, crescendo…

E assumiu seu contorno mais dramático, até agora, na Bahia, justamente o estado governado pelo chefe das vivandeiras, Jaques Wagner, notório apoiador de greves policiais no passado.

A Horrorizada do Alvorada

Dilma agora se diz “horrorizada” com a forma que assumiu a greve.

Ora… A Horrorizada do Alvorada está estranhando o quê? Como diz o povo, quem muito brinca com fogo acaba chamuscado.

Como previu o Apedeuta no célebre discurso em que deitou falação pelos cotovelos, a reivindicação se espalharia pelo Brasil.

E se espalhou.

Onde esteve, nesse tempo, Gilberto Carvalho, o tal ministro dedicado à interlocução com “os movimentos sociais”, que comandou, no Planalto, a campanha de demonização do governo de São Paulo e da Polícia Militar em particular, uma das mais eficientes e disciplinadas do país?
O homem sumiu.

Dilma não tem de se “horrorizar”. Tem é de tomar providências. Em algum momento, vai ter de dizer que não há dinheiro para aprovar a PEC 300 — e terá de ser com todas as letras —, ou, então, vai ter de optar por um rombo de impacto difícil de imaginar e jogar nas costas da União o custo da equiparação.

E será uma operação complicadíssima.

Ainda que o governo federal decidisse repassar um “X per capita” para cada policial, haveria um debate infindável sobre o contingente de cada estado. Em suma: Lula abriu a Caixa de Pandora, um deputado da base aliada ficou estimulando os monstrinhos a sair de lá, e a campanha eleitoral de Dilma resolveu considerá-los bons espíritos…

Eis aí. Como no mito, Soberana, só a esperança ficou escondida lá no fundo…

Levante e governe, Rainha dos Canteiros de Obras Paradas!

Desta vez, não vai dar para levar no bico.

Coragem, Esplendorosa da Classe C!

Não! Eu absolutamente não endosso, Esplendorosa da Classe C, os métodos a que estão recorrendo os policiais militares. Como já escrevi aqui uma centena de vezes — aliás, meu primeiro texto contra greve de policiais é de 1991, justamente por causa de uma paralisação na Bahia (uma das que Jaques Wagner apoiou) —, gente armada não pode se meter nesse tipo de movimento.

Eu sou contra greve de funcionários públicos. Em março de 2010, os petistas da Apeoesp, associação de professores da rede estadual de ensino em São Paulo, promoveram uma greve com queima de livros em praça pública, depredação de patrimônio e confronto com a PM.

Dilma não só usou o evento para demonizar o seu adversário eleitoral, José Serra, como recebeu a presidente do sindicato que havia prometido “quebrar a espinha do ex-governador”, assegurando que ele não seria eleito presidente.

Foi tão escancarado o uso eleitoral da greve que o sindicato foi multado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Dilma expressou o seu apoio e ainda acusou a PM de recorrer à violência contra os professores, o que era mentira.

Em 2008, como todos sabem, deputados petistas, PT e CUT apoiaram a GREVE ARMADA de uma minoria de policiais civis.


Um deles chegou a disparar um tiro, ferindo um oficial da PM.



Militantes da Apeoesp queimam livros em praça pública em março de 2010

A candidata Dilma recebeu a líder com pompa e ainda atacou o governo de SP


Por que o espanto, agora, da Horrorizada do Alvorada?

Não!

Eu não apóio as greves das PMs, não!

Ao contrário. Acredito que já é mais do que tempo de o país votar uma Lei Antiterrorismo que puna com severidade aqueles que, em nome de suas reivindicações, direitos ou o que supõem ser direitos, coloquem em risco a segurança coletiva.

Então veja, Soberana do Planalto, como sou duro e a convido a ser antipática, seguindo a Constituição e propondo uma lei.

É bem verdade que isso vai acabar ferindo susceptibilidades de alguns de seus caros aliados, não é?

Mas governar também tem lá seus ônus…

Serão assim tão hábeis?

A estréia do PT no mundo da severidade se dá de um modo um tanto estabanado. Qualquer pessoa razoavelmente prudente seria levada a considerar que a prisão do cabo bombeiro Benevoluto Daciolo, no Rio, corresponderia a apagar fogo com gasolina. Nas gravações entre o líder da greve na Bahia e um interlocutor, parece que fica clara a combinação de um ato de sabotagem.

No caso de Daciolo, convenham, é discutível. Afinal, ele é líder de uma categoria. Se a sua atuação sindical é permitida, por que não as articulações e conversas?
Atenção!

Eu acho que precisamos de leis mais claras para disciplinar tudo isso. Estou entre aqueles que não vêem ambigüidade nenhuma no que já há: greve de PMs é proibida. Mas há quem ache que as coisas estão sujeitas a interpretações e coisa e tal.

O governo federal, com a base que tem, vai ter de cuidar do assunto. Consegue aprovar o que quiser — inclusive a lei antiterror.

Dito isso, vamos ao que se tem hoje: diga-se o que se disser, o cabo Daciolo não foi além — a menos que haja falas que não vieram a público — do que dizem as lideranças de categoria em todos os estados em que há mobilização.

Dada a radicalização na Bahia, dados os ânimos exaltados, dada a sensação de humilhação que as lideranças dizem estar sentindo, quem vazou a conversa de Daciolo, criando as circunstâncias para a sua prisão, NÃO PASSA DE UM AMADOR.
Comentei aqui com Dona Reinalda: “Essa prisão é uma tolice. Agora é que a greve no Rio vai sair”.

E saiu. Espero que tenha desfecho menos trágico e que logo seja revogada. O fato é que faltou uma visão estratégica.


A Indignada da Praça dos Três Poderes e a anistia

Dilma fará melhor se governar mais e falar ainda menos. Também as suas considerações, em plena efervescência do movimento, contra a anistia a policiais que cometeram crimes são contraproducentes.

É a tal síndrome da ombudsman.

Basta que se diga favorável ao cumprimento da lei. Até porque não convém ficar cutucando esse negócio de que a anistia é inaceitável para criminosos, não é?

Posso apostar que essa não é uma boa vereda para os atuais donos do poder…

A ordem tem de ser restaurada. O problema que teve início com uma Medida Provisória do Apedeuta e que chegou a ser peça da campanha eleitoral de Dilma Rousseff — não adianta negar! — hoje se volta contra a população, que é quem está, de fato, arcando com as conseqüências.

Desta vez, Dilma não pode ser apenas a Indignada da Praça dos Três Poderes.


O governo Dilma colhe os frutos do rebolado na porta de quartel.

O que se tem como resultado?

Nunca antes na história destepaiz, depois da redemocratização, se viram tantos homens das Forças Armadas nas ruas.

Os “companheiros” fizeram a caca, e agora foi preciso chamar os homens de verde.

A sorte é que a cascata de esquerdistas durante a Constituinte não prosperou, e a Carta autoriza, sob certas condições, que as Forças Armadas também cuidem da ordem interna

. “Reacionários” como eu sempre defenderam esse princípio.

Os “progressistas” é que eram contra…


Coragem, Venturosa do Deitado em Berço Esplêndido!


Levante e governe!


10/02/2012

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