Por Augusto Nunes
Já registrei neste espaço que meu amigo e vizinho Reinaldo Azevedo é o Pelé da internet.
Brilha em qualquer campo, coleciona lances de gênio com a naturalidade de quem bate um lateral, faz um gol de placa por jogo. Ou mais.
Seja qual for o adversário, está sempre inspirado. E entra em estado de graça quando enfrenta seleções que representam as muitas nações do continente dos canalhas.
Escaladas pelo critério da sordidez, aparecem de tempos em tempos ─ sempre agressivas, ressentidas, brutais ─ para outra derrota desmoralizante. Foi assim nesta quarta-feira.
Desta vez, o cracaço liquidou o jogo com a obra-prima batizada de “Meus heróis não morreram de overdose. Alguns dos meus amigos de infância é que morreram no narcotráfico! E foi uma escolha“.
O texto ensolarado de Reinaldo devassou as catacumbas da USP que abrigam o barracão da Acadêmicos da Vigarice.
Surpreendidas nos sarcófagos pela luminosidade intensa, as criaturas das trevas foram reduzidas a cinzas como vampiros de chanchada. Órfãos de todas as ditaduras, gigolôs de presos políticos assassinados, torturadores desempregados, professores com QI de ministro, estudantes com doutorado em cretinice, aduladores de plateias infantilizadas, cafetões de bolsas de estudos, nostálgicos do século 18, velhotes com tênis nos pés e fraque no cérebro, jovens envelhecidos já no berçário por rugas mentais, colunistas que recitam a Teoria do Bom Ladrão num deserto de leitores ─ nenhuma dessas abjeções multiplicadas pela Era da Mediocridade escapou da devastação.
Pela cacofonia que produzem, eles poderiam parecer ameaçadores. Ficou evidente que só conseguem matar de rir.
Amparado na decência, no brilho intelectual e na verdade, Reinaldo Azevedo mostrou que os integrantes da Acadêmicos da Vigarice são muitos, mas não valem nada.
23/11/2011
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