Mordaça
"Prelúdio de venezuelismo"
"Prelúdio de venezuelismo"
Bruno Pontes
Conforme planejado pelo PT na Confecom, tem início a tentativa de controlar a imprensa.
O primeiro estado da lista é o Ceará, mas na Bahia, Alagoas e Piauí, os petistas já articulam a legitimação de mecanismos de censura e cerceamento da liberdade de expressão e opinião. Bruno Pontes dá detalhes sobre a polêmica gerada no Ceará.
O deputado Fernando Hugo (PSDB) segue repudiando a proposta de criação do Conselho de Comunicação do Ceará e pedindo ao governador Cid Gomes (PSB) que vete a matéria, de autoria da deputada petista Rachel Marques, e vista pelo tucano como "prelúdio de um venezuelismo".
"Essa matéria é induzida pela claque petista nacional para ser posta nas Assembléias e nas Câmaras.
Tanto é verdade que o projeto da Rachel também foi apresentado pelo vereador Acrísio Sena na Câmara de Fortaleza".
A criação de conselhos estaduais é recomendação da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), convocada pelo presidente Lula e organizada por seu ministro da Comunicação, o jornalista Franklin Martins.
Realizada em dezembro do ano passado, em Brasília, a Confecom aprovou mais de 600 propostas no sentido de controlar a imprensa, desde a definição de programação compulsória na televisão, passando por restrições à publicidade, até chegar ao estabelecimento de um tribunal da mídia.
Em nome da liberdade de informação e da democracia, segundo os petistas.
No pronunciamento de ontem, Hugo lamentou que seja tíbia a reação do jornalismo cearense contra o anseio petista em controlá-lo.
"Eu suplico aos nobres senhores da imprensa: falem, escrevam, questionem, informem a população sobre esse absurdo que é amordaçar a imprensa".
Talvez não seja tibieza, e sim colaboração irrestrita.
O Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce), grupo com o qual os petistas sempre podem contar, apóia o projeto de Rachel Marques, assim como a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), outra entidade que almoça na mesa do PT.
COISA DE DITADURA
Outro a reiterar sua repulsa foi o deputado Ely Aguiar (PSDC), a quem o projeto parece uma tentativa de instalar o "regime de uma voz só", típico de sistemas totalitários como os da China e da Coréia do Norte.
"Esse conselho nada mais é do que o início da venezuelização da imprensa brasileira.
Querem monitorar para que escândalos como esses da Erenice Guerra e do Zé Dirceu não tenham espaço na imprensa", disse, aludindo à sucessora de Dilma Rousseff (PT) na chefia da Casa Civil, acusada de integrar um esquema de corrupção, e ao ex-ministro cassado pelo mensalão e atual coordenador da campanha da petista à Presidência.
Ely fez notar que a iniciativa, além de ter brotado das conferências do PT, ganhou o endosso de partidos comunistas como PSOL e o PC do B. "Só defende esse conselho aqueles que não querem que haja a divulgação da realidade dos fatos".
Em defesa do que denomina "controle social" da imprensa, o petista Artur Bruno voltou a sustentar que seu partido não tem nada a ver com a história.
"A criação do conselho foi decidida numa conferencia nacional [Confecom], não surgiu do PT, como alguns querem dizer".
Ao contrário do que Bruno alega, a realização da Confecom era uma meta definida pelo PT no seu 3º Congresso Nacional, promovido em setembro de 2007. No caderno de resoluções daquele simpósio, é firmado como tarefa do PT:
"Convocar a 1ª Conferência Nacional de Comunicação Social e articular as ações governamentais em educação, cultura e comunicação. É preciso fortalecer a concepção de um sistema de comunicação que combine a atuação do setor público, do setor privado e dos instrumentos de comunicação comunitária".
Bruno afirmou ainda que "não há nada no texto do projeto que indique que haverá censura. Não haverá proibição de divulgação de nada".
No texto de justificativa do seu projeto de indicação, a petista Rachel Marques defende que "as liberdades de informação, expressão e imprensa devem existir harmonicamente com as demais liberdades".
O conselho ficaria encarregado de "acompanhar o desempenho e a atuação dos meios de comunicação locais", além de "monitorar, receber denúncias e encaminhar parecer aos órgãos competentes sobre abuso e violações de direitos humanos nos veículos de comunicação no Estado".
Desde que sua iniciativa ganhou destaque na imprensa nacional, seguido do repúdio de vários parlamentares e entidades do setor jornalístico, Rachel não apareceu mais na Assembléia. Ela diz que está em licença médica.
Matéria publicada no jornal O Estado.
1 comentários:
Denúncia sobre a Petrobras na Bahia:
http://gentedireita.blogspot.com/
Postar um comentário