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quinta-feira, 27 de maio de 2010

GROSSERIA, VULGARIDADE E MISTIFICAÇÃO. OU: NEM CEDO NEM DESÇO

GROSSERIA, VULGARIDADE E MISTIFICAÇÃO.


OU: NEM CEDO NEM DESÇO

Por Reinaldo Azevedo

Lula discursou ontem na Conferência de Ciência e Tecnologia, em Brasília, e, mais uma vez, apelou à linguagem de cunho sexual, o que faz volta e meia. E foi grosseiro como de hábito quando toma essa vereda. Como esquecer que ele já sustentou em discurso que a sua “galega engravidou logo no primeiro dia”, uma suposta evidência de sua macheza? Tanta rapidez, como sabemos, deu em Lulinha, o seu “Ronaldinho” da Gamecorp. Desta feita, o chefe de governo e de Estado do Brasil se referia a um tema banal, uma besteirinha irrelevante, uma tolice que suporta muito bem o que meu avô chamava de “conversa de gente boca-suja”: a crise nuclear iraniana… Já chego lá. Antes, um convite.


Tive o trabalho de traduzir ontem um artigo de Thomas Friedman, articulista do New York Times, sobre o papel do Brasil nas negociações com o Irã. O texto me parece definidor, se me permitem, do caráter do… leitor!!! Quem quer que o leia e não se convença da monumental estupidez de Lula e seus valentes no episódio escolhe um mundo — e não é aquele em que eu gostaria de viver. Vou atualizar a hora da postagem para que o artigo fique logo abaixo deste post de abertura dos trabalhos.

Eu insisto: é um artigo que distingue pessoas. Como se verá ali, Friedman até dá de barato que, cedo ou tarde, o Irã vai ter a bomba: a questão é saber a quem se deve confiar o gatilho: a uma democracia ou a uma teocracia homicida. Friedman pergunta o que de mais feio poderia ter acontecido do que aquela celebração de Ahmadinejad, Lula e do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, por ocasião do suposto acordo. E conclui: “mais feio impossível!”. Democratas vendiam baratinho outros democratas a um negador do Holocausto. A política externa brasileira está desmoralizada. Encerro o convite. Volto ao ponto.

Ontem, ao discursar, com a elegância habitual, Lula afirmou:
“Vocês estão acompanhando pela imprensa. Nas vésperas que eu estava lá, tinha gente dizendo ‘Ah, o Lula é inocente; o Lula não sabe nada’. Porque tem gente que ao invés de sentar na mesa para negociar prefere mostrar ‘Eu tenho força, ou dá ou desse!’.

Atenção para esta hora, leitor!
Ao pronunciar essas palavras finais, o presidente brasileiro bateu com a mão esquerda no muque direito, representando a suposta grosseria de seus adversários. No caso, referia-se aos EUA, particularmente a Barack Obama. Modéstia às favas, previ que Lula passaria a tratar o americano como rival antes mesmo de o outro assumir a Presidência. Vocês leram aqui. Desnecessário explicar os motivos. Não deu outra. Já chegou até a dizer que ele, um ex-operário, como presidente, é ocorrência bem mais significativa do que um negro na Casa Branca. Mas o pior estava por vir.

Como escrevi ali acima — DESSE, com dois esses - é o correto. A expressão original, anterior ao automóvel, é “Ou dá ou desse”: trata-se de um jogo de tempos verbais para evidenciar uma situação sem escapatória. Geralmente, esse “dá” não tem um sujeito claro. O jogo entre o verbo no presente e no pretérito do subjuntivo indica que uma determinada coisa terá forçosamente um desfecho, não mais será postergada. Também uma pessoa pode se ver na situação do “ou dá ou desse”, eventualmente obrigada a tomar uma decisão, o que, se pudesse, adiaria.

Mas é claro que Lula estava pensando em outra coisa. Com efeito, o seu “desse” era outro. Achando que a grosseria não havia chegado ao ponto, emendou: “Comigo ninguém dá e todo mundo desce. Esse é o meu lema”. Pronto! O “dá” deixou de significar “acontecer”, “ser possível”, “ser viável”. E passou a ser o “dar” das bocas, dos becos e dos botecos: o trato intrafemural, vocês sabem, aquele mesmo assunto de que ele já tratou algumas vezesm em palanque.

E o “desse” virou “desce”, do verbo “descer”, provavelmente do carro. Assim, ou a “moça” (ou moço, sei lá eu) “dá”, cedendo ao avanço libidinoso do outro, ou “desce”, cai fora do Chevette, às portas daqueles motéis de neon verde e vermelho que sempre começam com a letra K: “Karina”, “Karisma”, ” Ki Luxo”, “Kurtição”, “Kônkavo e Konvexo”. Letra “k” em nome de motel é mais comum do que “apóstrofo S” (’S) em nome de lanchonete. Eventualmente, um estabelecimento pode juntar a fome com a vontade comer e se chamar “Karinho’s”!!! Segundo Lula, com ele, “ninguém dá, e todo mundo desce”… “Todo mundo”??? Haverá mais gente nesse carro do que naquela cela do “menino do MEP”, da qual não se podia “descer”?

Depois de ter percorrido todos os rigores da fineza teórica e retórica, mandou brasa:
“Fomos lá humildemente, estabelecemos uma política de confiança, e, quando fizemos o acordo, que eu achava que os países que queriam levar o Irã pra mesa iam ficar felizes, eis que eles não queriam. Porque, no mundo, tem gente que não sabe fazer política sem ter um inimigo. Primeiro, é preciso criar inimigo, e o inimigo tem que ser ruim, a cara tem que ser feia, e temos então que demonizá-lo”.


É formidável! Lula acusa seus adversários — no caso, os Estados Unidos e Obama — de fazer rigorosamente o que ele faz no ambiente interno. Ou não é este senhor que passou os últimos sete anos “demonizando”, como ele diz, seu antecessor, negando-lhe todo e qualquer mérito, fazendo tabula rasa do passado, inaugurando, a cada dia, um passado novo? Acabo de criar uma nova sentença sobre Lula, que quero que fique registrada: “LULA INAUGURA TODO DIA UM PASSADO NOVO, APROPRIANDO-SE DA HISTÓRIA DO PAÍS E DA BIOGRAFIA ALHEIA, PARA PODER MISTIFICAR A SUA PRÓPRIA TRAJETÓRIA”.

Lula nunca chegou “humildemente” a lugar nenhum! Essa palavra inexiste em seu vocabulário, agora como antes. Este arrogante recusou o apoio de Ulysses Guimarães — o Sr. Diretas — na disputa eleitoral de 1989, contra o agora seu aliado Fernando Collor. Demonizou o sindicalismo que precedeu o PT e todos os líderes oposicionistas que haviam retornado do exílio. Mas isso fica para outra hora. Apenas destaco que a humildade é incompatível com o seu caráter — e tomem a palavra aqui como parceira do “respeito”, não da “humilhação”.

“Levar o Irã para a mesa”? Deixando que o país fique com uma tonelada de urânio estocado, que, conforme o anunciado, continuaria a ser enriquecido sem qualquer vigilância e fora de qualquer controle? É isso o que Lula chama de “ambiente de confiança”? Ahmadinejad, diga-se, o seu amigão, discursou ontem. E fez ameaças veladas, calculem!, aos EUA e à Rússia, acusando, nesse caso, o país de se comportar como um subordinado dos americanos. Levou uma dura do presidente Medvedev, que lhe recomendou que deixe de lado a demagogia. E olhem que o país é parceiro do Irã em algumas coisas.

A platéia presente à conferência riu muito do “gracejo” de Lula. Boa parte deve ter pensado: “Pô, ninguém pode mesmo com o Cara! Vejam como ele resolve uma crise internacional com uma simples frase: ‘Comigo ninguém dá e todo mundo desce’!”… Seja lá o que queira dizer a tentativa de piada. Lula também não deve saber.

Os petralhas, QUE JÁ CHEGARAM AO DICIONÁRIO!!!, tentam torrar a minha paciência: “Lula é um sucesso; só você critica” — eles falam isso em petralhês, com grosserias impressionantes, para não decepcionar o mestre. Ainda que eu fosse o único, o que é falso, e daí? Isso não mudaria a natureza do regime iraniano, de Lula, do suposto acordo., nada! Quando a rataiada ameaça — “Você vai se ferrar; aguarde” —, está se definindo moralmente.

Ganhe essa gente as eleições ou perca, continuarei a pensar o que já pensava antes de o PT vencer a disputa em 2002. Os meus adversários de pensamento continuarão a ser os mesmos. No ambiente da sonhada vitória final desses caras, todos os que não rezam segundo a cartilha estarão presos ou mortos, o que, justiça se faça, é coerente com a escola de que são herdeiros.

Só que eu digo “NÃO”!!! Um sonoro, inequívoco e irrevogável (o meu, para valer) “NÃO” a esses brutos, a seus métodos, à sua visão de mundo, às suas bravatas, às suas grosserias, às suas burrices. Estejam eles no governo ou na oposição.
Não cedo nem desço.
quinta-feira, 27 de maio de 2010

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