Caro Delfim Neto,
Meus sinceros aplausos por trazer racionalidade ao debate – com o artigo Keynes e Marx .
NESSES TEMPOS DE CRISE a cepa socialista continua apostando no colapso do capitalismo para ressuscitar a ilusão estatista, a fé no Estado como protagonista econômico, que parecia ter desaparecido com o com o colapso do totalitarismo soviético e, assim auto justificada pelos dogmas marxistas – avançar sobre as LIBERDADES PÚBLICAS, só que agora com o ‘apoio’ de KEYNES ressuscitado.
A ‘lógica’ dos economistas de viés comunista-socialista – incluindo-se os devotos/interpretes do profeta KARL MARX – os marxistas, marxólogos e marxianos – é incidir e reiterar na superioridade mental do fundador da verdade – e assim, julgar/declarar-se peremptoriamente mais economista que os economistas, mais científico que os puros cientistas – embora não demonstrem nada do que dizem e pensam ser a VERDADE ABSOLUTA e, com isso a falácia marxista é disseminada.
A PRAXIS POLÍTICA de MARX e ENGELS – adotada como técnica ao longo do movimento marxista – funda-se na idéia de que a interpretação marxista da história e da situação histórica é VERDADEIRA – e somente ela o é. Assim qualquer outra interpretação era (e é) refutada, não no estilo da discussão acadêmica, mas no estilo partidário, com invectivas políticas às vezes até raivosas.
MAX e ENGELS foram mestres, mas na arte de utilizar um estilo polêmico e adotado pelos devotos – que consiste em ignorar ou fingir não compreender o que as pessoas dizem quando não pensam como eles, interditando o debate mediante ofensas. E nisso foram realmente insuperáveis, inclusive na propagação desse DNA tóxico.
NESSE SENTIDO - MARX e ENGELS a aplicaram primeiro contra os antigos camaradas do movimento dos “jovens hegelianos” e depois contra PROUDHON. E, assim por toda a vida contra os rivais no socialismo. Entre os bolcheviques – LENIN – em particular – voltaram as formas extremadas de invectivas com críticas, zombarias, injúrias e ofensas pessoais.
A técnica de criticar, refutar, zombar, injuriar – foi utilizada por MARX e ENGELS em A Ideologia Alemã e Miséria da Filosofia contra seus antigos amigos entre os ‘jovens hegelianos’ ou seus rivais, e mesmo contra os novos amigos socialistas; contra BRUNO BAUER (A Sagrada Família), MAX STIRNER (A Ideologia Alemã), e, contra PROUDHON (Miséria da Filosofia).
ESSa prática polêmico-política de MARX (ENGELS) – ou melhor, impostura moral - “prosseguirá ao longo de todo o movimento marxista, e que é fundada na idéia de que a interpretação marxista da história e da situação histórica é verdadeira, e que somente ela o é. Assim sendo, qualquer outra interpretação dever ser refutada não no estilo polido da discussão acadêmica, mas criticada em estilo polido e, simultaneamente, combatida em estilo partidário, aquele das invectivas políticas.
MARX e ENGELS aplicaram essa técnica polêmico-partidária primeiro contra os antigos camaradas do movimento dos “jovens hegelianos” e depois contra PROUDHON. Continuaram, em seguida, a aplicá-la por toda a vida contra os rivais no socialismo, por exemplo contra BAKUNIN, quando da constituição da PRIMEIRA INTERNACIONAL.
Essa técnica prossegue através de todo o marxismo: se seguirmos as polêmicas do fim do século XIX e início do século XX no interior do movimento social-democrata, encontraremos, de forma atenuada, esse tipo de polêmica.
Em seguida, os bolcheviques, LENIN em particular, voltaram as formas mais extremadas da invectiva. Devo acrescentar que a técnica aprimorada, pela primeira vez, por MARX e ENGELS, continua até hoje e representa, podemos dizer, um dos aspectos da história universal contemporânea”.(In ARON, Raymond. O Marxismo de Marx. São Paulo: Arx, 2005).
Mas o que tem fundamento é ignorado/ocultado pelos devotos que apostam na luta de classes, ditadura do proletariado e outros subprodutos marxistas. O liberal RAYMOND ARON aponta uma versão marxista coerente com a que pensava o historiador, economista, filósofo e militante político MARX (Karl Heinrich Marx – 1818-1883):
“1.º) O regime capitalista, em sua busca de mais-valia relativa, é por essência um regime revolucionário. No Manifesto Comunista, as virtudes da burguesia vinham do fato de ela ter aumentado os meios de produção em um século mais do que a humanidade fizera em milênios. São virtudes revolucionárias ou construtivas que Marx, de certa maneira, exaltava.
Em O Capital, essa idéia reaparece e pode-se dizer que uma das características, aos olhos de Marx decisivas, do regime capitalista é sua essência revolucionária. Ele nunca aceita como decisiva uma modalidade qualquer de organização do trabalho ou de modo técnico de produção.
2.º) Resulta disso uma alteração incessante da organização do trabalho no interior das unidades de produção e, mais ainda, uma alteração das relações entre os diferentes setores da produção, o que exige uma extrema mobilidade da mão-de-obra.
3.º) Essa alteração revolucionária das condições de produção destrói rapidamente os modos antigos de trabalho e de existência. Mas então, e este último ponto é essencial, o maquinismo, no âmbito do capitalismo, atua de maneira permanente contra a classe operária.
Encontramos aí, de novo, o caráter fundamentalmente antagônico do capitalismo, e temos de novo Marx em seu máximo, ou seja, no mais dialético e no mais patético. Ele é demasiado inteligente para ser contra as máquinas e contra a transformação incessante dos meios de produção.
É um admirador do caráter revolucionário do capitalismo. Tudo que se ouvia contra o progresso técnico havia apenas alguns anos, e que ainda se ouve às vezes hoje, lhe pareceria monstruosamente absurdo.
Mas, simultaneamente, ele acha que, no âmbito de um regime de propriedade privada, essa transformação incessante das condições de produção aumenta a exploração operária e multiplica a infelicidade da classe operária.
Por quê?
Para responder, basta citar outra passagem do livro I de O Capital:
“A indústria moderna nunca considera e trata como definitivo o modo atual de um processo. Sua base é revolucionária, enquanto a de todos os modos de produção anteriores era essencialmente conservadora.”- ARON, Raymond.
O Marxismo de Marx. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, p. 313.
Mas nem por isso devemos nos considerar ‘todos marxistas’, tampouco keinesianos.
Abs Rivadávia Rosa
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