É absolutamente inacreditável a que absurdo podem chegar as declarações inusitadas, que a cada dia inundam a mídia, do mandatário desse país. Não é possível que qualquer brasileiro, por mais humilde ou conformado, seja obrigado a conviver com esse manancial infindável de descalabros verborrágicos que assolam os discursos de alta complexidade cultural sabe-se lá criadas onde. Se frutos do improviso de um cérebro patologicamente comprometido, do total descaramento, ou do pouco caso para com a posição que ocupa. Será isso discriminação para com a cultura e a inteligência alheia?
Não é de se esperar outra coisa de um analfabeto funcional declarado e assumido, que além de não saber se expressar de forma oral ou escrita alardeia a vaidade que tem de não gostar de ler (sê é que sabe), fruto, segundo o próprio, da origem humilde da qual tanto se orgulha. Esse mesmo humilde homem não consegue, entretanto, esconder o deslumbre pessoal e familiar com o poder, com o dinheiro fácil oriundo do suor do povo que comanda, e com a capacidade política que um dia se convenceu que tem. Será que se lembra mesmo de suas origens?
Patética figura a desse homem que confunde o povo ao fantasiar de humildade a ignorância cultivada, o desinteresse pelo conhecimento e um mínimo de respeito para com o povo que representa. Será isso a discriminação da educação, da ética e do respeito?
Que figura é essa que se agarra a uma mortadela gigante para assegurar em alto e bom som que é cabra macho? Haverá por trás disso uma discriminação para com aqueles com outra opção sexual? Será ele muito diferente do outro que se orgulhava de ter a genitália roxa? Bem, não é faixa preta de caratê, mas seguramente, desempenha-se muito bem nos 100 litros rasos e no levantamento de copo. Grandes atletas desse pobre país. Atleta do fiasco, do ridículo, da vergonha que nos faz passar todos os dias. Atleta da ignorância e da falta de compostura cujo cargo que ocupa não devia permitir. Não será isso discriminação da moral e dos bons costumes?
Presidente da República, que posa de chapéu panamá e vestido de florida roupa atirando camisinhas para o povo servil, que sem saber o que é um (e não uma) tsunami o confunde com uma marolinha e pior, ainda dá graças a Deus por ele (o tsunami) não ter atravessado o Atlântico. Algum ilustre assessor devia avisá-lo que o tsunami, sim, atravessou o Atlântico. Que o digam os países europeus. Mas que falha tão pequena justificaria uma reprimenda a esse senhor? Porque tal deslize seria pior que uma apostila de geografia editada em São Paulo, onde existem dois Paraguais, e o que é pior, ambos ocupando solo pátrio de outros países. Haverá sido intencional desaparecer com o Uruguai e o Equador? Será isso apenas ignorância? Acho que sim pois, pela lógica dele, deviam desaparecer com o Equador e a Bolívia, potências latino-americanas que fazem o Brasil se acovardar.
É demais para a minha santa ignorância. A ignorância de quem durante mais de 40 anos estudou para poder servir a esse país, ensinar em universidades que agora, por decisão desse senhor, passarão a discriminar mais ainda o acesso ao ensino. Onde se embasa tal decisão? Quer dizer que agora ser negro ou índio caracteriza uma ser desafortunado, menos capaz, que precisa das benesses do estado para poder estudar? Ou será que o erro começa bem antes, ao não garantir o ensino básico para todos. Ensino de qualidade, massivo e equitativo, aonde os que por vontade ou aptidão cheguem à universidade de forma justa. Será isso a discriminação da igualdade de direitos de todos os cidadãos?
E agora essa... Os brancos de olhos azuis. Será que ele se esqueceu quando chorou de emoção ao agarrar-se à mão do Bush - o branco de olhos azuis - em sua primeira das infindáveis viagens pelo mundo? Será que ele se esqueceu dos chineses e japoneses? Alguém já viu um de olho azul? Sejamos justos, não se referiu aos de etnia amarela. Desculpemo-lo então. Só aos brancos. Os de olhos azuis. Mas quem serão então esses brancos de olhos azuis? Mas tentemos entender a emaranhada linha de raciocínio desse senhor. Será que ele se referia aos "países ricos"? Se esse for o caso, mais confundido fico. Vamos ver o G-8.
Os Estados Unidos são governados por um negro de nome muçulmano e têm como uma das figuras mais importantes no cenário mundial uma negra. Então não era aos Estados Unidos a que se referia. Seria ao Japão? Não. Está fora, como constatamos. A Inglaterra? Elizabeth Alexandra Mary de Windsor ou Elizabeth II, a rainha, não é. Tem olhos cinzentos. James Gordon Brown, o primeiro-ministro? Esse ele deve ter notado que também não tem os olhos azuis.
E a França? O presidente Nicolas Paul Stéphane Sárközy de Nagy-Bocsa, descendente de judeus sefaraditas originários de Tessalônica, na Grécia? Caramba, cinzentos! Esse também não. O primeiro-ministro François Fillon? Também não, castanho-esverdeados. Então a Itália com certeza! Giorgio Napolitano, o presidente. Ai, olhos castanhos. Silvio Berlusconi, o primeiro-ministro...Não? Não, castanho-escuros.
Dmitri Anatolievitch Medvedev, presidente da Rússia, ou seu primeiro-ministro Vladimir Vladimirovitch Putin, são verdes... os olhos, dos dois. Stephen Joseph Harper, primeiro-ministro do Canadá? Fiquei na dúvida, parecem azuis...
A Alemanha? O presidente Horst Köhler, definitivamente não. A chanceler Angela Dorothea Merkel? Opa, essa tem os olhos azuis. Era isso! O grande pensador lançou mão de uma complexa metáfora (será?) para acusar a Alemanha e o Canadá pelo tsunami da economia mundial. Ou será apenas inveja por que os olhos dele também não são azuis?
Brilhante, presidente! Se o IBGE divulgasse uma pesquisa sobre quantos brancos de olhos azuis existem no Brasil, provavelmente o senhor se assustaria ao perceber que grande parte do Sul e do Sudeste brasileiro seria também culpada pelo tsunami.
Este artigo foi escrito por um leitor do Globo.
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