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segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Na ilha da fantasia

De Millôr Fernandes: Essa garotada aí do Congresso Nacional, que tem em média 30 anos de idade, não conhece o sentido e o valor de certas palavras. Você e eu, que já passamos dessa faixa, conhecemos.

Exemplo: nesse mutirão de quero-o-meu, nessa terra de ninguém de quem quiser, de repente se aponta, se identifica, com ficha, CPF, registro policial e tudo o mais, um deputado ou senador, ou governador, que roubou dinheiro, comprou o cargo, empregou a própria mãe e estuprou uma cachorrinha menor de idade, e, horror!, está envolvido em assalto a banco com justa causa.

Depois de rigoroso processo – dezessete anos de etapas – o Congresso decide afastar da vida pública o acusado. Por que, ô meu? Porque roubou, porque matou, porque comprou cargos, porque distribuiu cargos? Não senhor. Por falta de decoro parlamentar. Fico perplexo: aprendi, já em criança, que falta de decoro era sair da privada sem fechar a braguilha.

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